Mick Jagger: 70 anos

Mick Jagger já pode ser chamado de setentão. Vocalista, compositor, letrista, líder dos Rolling Stones e pai de sete filhos, o músico celebra 70 anos de vida nesta sexta-feira (26), período marcado em grande parte pelo sucesso da banda que ajudou a levar ao estrelato, com mais de 200 milhões de discos vendidos em cinco décadas de carreira.

Filho mais velho de um professor e de uma dona de casa, Jagger nasceu no dia 26 de julho de 1943 na pequena cidade de Dartford, no sudeste da Inglaterra, com o nome Michael Phillip Jagger. Aluno exemplar na infância e adolescência, ele sempre conquistou o carinho das pessoas por onde passou por seu carisma e estilo solto e bem humorado de ser.

Aos 14 anos, ganhou seu primeiro violão e logo passou a colecionar discos de blues de nomes como Muddy Waters e Howlin´ Wolf. Empolgado com as possibilidades na música, se juntou ao amigo Dick Taylor, que tocava baixo, para montar sua primeira banda, chamada Boy Blue and the Blue Boys, na qual assumiu o posto de vocalista.

Indo de encontro a toda a rebeldia que em breve levaria ao mundo ao lado dos Stones, Jagger entrou na London School of Economics para estudar Economia, em 1960. No entanto, enquanto prestava bacharelado também investia na carreira musical - e, quando precisou escolher um caminho a seguir, não teve dúvida e largou o curso. Logo trouxe para seu lado o guitarrista Keith Richards, que conhecera em sua cidade natal, e os dois passaram a explorar a cena ainda emergente do blues na capital britânica. Em uma casa noturna, conheceram o também guitarrista Brian Jones.

O embrião para os Stones estava liberado. Jones queria montar sua própria banda; Jagger e Richards tinham a mesma pegada. Em 1963, Taylor abandonou o projeto, sendo substituído por Bill Wyman, e Charlie Watts se juntou ao grupo de jovens músicos ocupando o posto de baterista. Com o direcionamento do empresário Andrew Loog Oldham, eles passaram a ser chamados de "os roqueiros durões e selvagens do Reino Unido", fazendo, assim, oposição aos bons meninos dos Beatles.

Foi esse estilo, destacado pelo sex appeal de Jagger, que levou o grupo a seu primeiro contrato com uma gravadora, com a Decca Records. Apesar do início mais voltado para covers e versões, com poucas composições próprias nos primeiros discos, Jagger e Richards logo provaram ser uma qualificada dupla de autores e a partir de 1965 passaram a monopolizar os créditos nos discos do grupo, com hits como '(I Can't Get No) Satisfaction', 'Stupid Girl' e 'Sympathy for the Devil'.

Por um momento, em 1967, o nome de Jagger ganhou destaque na mídia por um assunto bem distante da música: a prisão com sua então namorada, Mariane Faithfull, na casa de campo de Keith Richards, em uma batida policial que encontrou substâncias ilegais e equipamentos para seu uso no local. O cantor viria a ser preso também em sua própria residência, em Londres, pelo mesmo motivo.

Dois anos depois, problemas internos na banda também foram parar em manchetes dos veículos especializados. Em junho de 1969, devido às diversas prisões por uso de drogas, Brian Jones não conseguiu visto para viajar aos EUA para uma turnê e acabou sendo substituído por Mick Taylor nos Stones.

Ao mesmo tempo, Jagger começava a se interessar também por outro ramo das artes, o da dramaturgia. Em 1970, o músico estrelou o longa 'Ned Kelly', no papel de um lendário fora da lei. No mesmo ano, atuou em 'In Performance', como uma estrela do rock reclusa. Sem grande sucesso, seguiu dedicado à música, lançando diversos discos de sucesso com os Stones, àquela altura, com o fim dos Beatles, a principal banda do Reino Unido - como 'Sticky Fingers' (1971), 'Exile on Main Street' (1972) e 'Some Girls' (1978). Ainda assim, atuou em outros títulos ao longo dos anos, com destaque para Freejack - Os Imortais (1992), ao lado de Anthony Hopkins.

Nos tempos menos movimentados da banda, também abraçou uma carreira como produtor de cinema, em longas como 'Enigma', 'Mulher - O Sexo Forte' e 'Running Out of Luck' - este último também protagonizado e roteirizado por ele -, e de documentários dos Stones, como 'Shine a Light' e 'Stones in Exile'.

Em 1985, quatro anos antes de o grupo entrar para o Rock and Roll Hall of Fame, Jagger começou a investir também em sua carreira solo. 'She´s the Boss', primeiro trabalho da empreitada, foi bem, sendo certificado com Disco de Platina nos EUA e Prata no Reino Unido. Ele ainda viria a lançar mais três trabalhos de estúdio - 'Primitive Cool' (1987), 'Wandering Spirit' (1993) e 'Goddess in the Doorway' (2001).

Mas a prioridade sempre foram os Rolling Stones. No total, foram 29 álbuns de estúdio lançados, além de compilações de grandes sucessos e trabalhos ao vivo e documentais. Antes roqueiro rebelde, por sua brilhante carreira Jagger recebeu da rainha Elizabeth II, em 2002, a honraria de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico, que lhe deu o título de Sir. Desde o final do ano passado celebra 50 anos ao lado dos colegas de bandas.

Pai de sete filhos - a mais velha, Kris, nascida em 1970, e o mais novo, Lucas, de 1999 -, Jagger foi casado em duas vezes: com Bianca Perez Moreno de Macias, em 1971, e com a modelo Jerry Hall, em 1990. A última união terminou quando sua mulher descobriu que o cantor teve um caso com a brasileira Luciana Gimenez, que deu à luz Lucas.