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"Tive uma adolescência nerd", confessa Lucas Santtana

13 set 2012 - 17h29
(atualizado às 18h37)
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Conhecido na Europa e nos Estados Unidos, Lucas Santtana se apaixonou pela música bem cedo. Mesmo os dias de verão em Salvador, sua cidade natal, tinham quatro horas reservadas para o estudo da flauta. Aos 23 anos, já tocava na banda de Gilberto Gil, época em que desenvolveu, nos momentos de ócio durante as turnês, sua habilidade nos vocais. Convidado do Terra Live Music desta quinta-feira (13), o músico se divertiu com sua história: "tive uma adolescência nerd".

Com o reforço de Bruno Buarque (percussão) e Caetano Malta (violão e baixo), o trio interpretou faixas como Cira, Regina e Nana, Now No One Has Anything, É Sempre Bom se Lembrar, Jogos Madrugais e Tanto Faz Para o Amor, além de Músico, que marca uma parceria entre Tom Zé e Hebert Vianna e que ganhou uma versão de Lucas, presente em seu mais recente álbum.

Recém-lançado, O Deus que Devasta Mas Também Cura é o quinto registro do músico. Ele, que ganhou visibilidade no exterior com o disco Sem Nostagia, desta vez apresenta um trabalho com tom mais confessional, que fala sobre emoções, amizades e lembranças. A parte gráfica do álbum ainda reforça o universo simbólico das composições, com a reprodução de imagens produzidas a tinta a óleo pelo artista Gregory Thielker.

Além do cunho intimista, o disco traz canções que falam sobre São Paulo, Belém e o espírito desencadeado pela crise financeira na Europa. Denso, repleto de camadas e com recursos como o sample sinfônico, Deus que Devasta Mas Também Cura é, segundo Lucas, "mais maximalista" do que Sem Nostalgia.

Quando o assunto é definição de estilo musical, por sua vez, o baiano é certeiro: "acho que o meu som é o meu som, não chamo nem de música brasileira". Ao comentar que já foi apontado por críticos estrangeiros como "a continuação da tradição do Caetano (Veloso)", ele pontua que não gosta de taxações regionalistas. Seus discos, heterogêneos e sem linearidade, são vistos em outros países como uma expressão de criatividade, do "quão musical você é", observa. "Eles (estrangeiros) sempre querem coisas novas, aqui (Brasil) a tendência é conservadora", acrescenta.

Cada álbum de Lucas é, segundo ele, visualizado como um roteiro, onde os arranjos das canções são combinados para "contar uma história". A liberdade de composição, nesse caso, ele destaca como um grande benefício para a geração atual de músicos: "é uma geração que nasceu sem gravadora, que ficou livre para não ter nenhum tipo de amarração do ponto de vista estético".

Gravado no centro de Salvador, o videoclipe da faixa homônima que abre Deus que Devasta Mas Também Cura é, de acordo com Lucas, "bem cinema". Vestido com um terno, o músico aparece circulando pelas ruas sem sapatos, além de interagir com o mar. Para filmar as cenas aquáticas, ele brinca: "quase morri", quando uma onda o arrastou por cerca de 50 metros. "Se eu tivesse ficado na pontinha (das pedras), ia ter me dado muito mal", divertiu-se.

Apesar do álbum recém-lançado, Lucas já planeja gravar um registro ao vivo e um DVD, além de possuir um próximo disco "delineado na cabeça". O grupo, que embarca para iniciar uma turnê na Europa em outubro, tem shows previamente agendados no Brasil: Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Osasco fazem parte da rota.

Cira Regina e Nana, por Lucas Santtana:
Fonte: Terra
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