"Toco o que as pessoas querem ouvir", diz Noel Gallagher em SP
2 mai2012 - 16h31
(atualizado em 31/5/2012 às 13h50)
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Tiago Agostini
Direto de São Paulo
"Carreira solo é mais fácil, porque você só precisa agradar a si mesmo", brincou Noel Gallagher, ex-guitarrista do Oasis, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (2), em São Paulo. Bem-humorado, Noel não economizou nas ironias e nos palavrões durante o papo com os jornalistas. O músico se apresenta na noite desta quarta em São Paulo, no Espaço das Américas, com transmissão ao vivo do Terra, e já deu a tônica do que os fãs podem esperar da apresentação. "Gosto de tocar o que as pessoas querem ouvir", disse o guitarrista.
Noel chegou à entrevista com alguns minutos de atraso, e logo na entrada fez um careta enquanto conversava com alguém de seu staff. As diretrizes da coletiva eram simples e claras: nada de perguntas sobre o Oasis ou sobre o irmão, Liam Gallagher. Sobre Liam, realmente, não houve uma palavra, mas Noel falou com tranquilidade sobre o passado no Oasis e não poupou seus costumeiros elogios a sua ex-banda. "Não fazia sentido (montar outra banda). Não depois de passar mais de 15 anos no Oasis, uma das maiores bandas de todos os tempos."
O guitarrista chega ao Brasil para divulgar High Flying Birds, seu primeiro disco solo, lançado em outubro do ano passado. Embora algumas músicas já existissem na época do Oasis, Noel garante que não guardou nenhum material. "Essas músicas são mais diretas, emocionais e pessoais, mesmo que não auto-biográficas", disse. Ele explicou que este tipo de canção só é possível porque ele mesmo as está interpretando. "É diferente quando você escreve músicas para outras pessoas cantarem."
O setlist é recheado, além das músicas do trabalho próprio, com várias covers do Oasis, inclusive alguns lados do início da carreira, como Talk Tonight e Whatever. Para Noel, a escolha do que ele iria tocar foi fácil. "Não tenho muito material. São minhas músicas, e soam bem comigo cantando", comentou. Em um dos melhores momentos da conversa, ele inclusive falou sobre a possibilidade de talvez dividir um palco com um novo vocalista para cantar suas canções. "Cantores são idiotas", riu. "Não sou um cantor e consigo defender minhas canções. E não sou um idiota."
Segundo Noel, as músicas do seu disco High Flying Birds são mais "diretas, emocionais e humanas". Questionado se para ele é mais fácil ser um artista solo do que pertencer a uma banda, Noel garantiu que prefere cantar sozinho. "É mais fácil estar em carreira solo porque só tenho que me agradar, a única pessoa que tem que gostar sou eu. Se quiser tirar uma folga de uma semana, por exemplo, eu posso", disse o cantor, que descarta qualquer possibilidade de criar um outro grupo.
"Por um tempo cogitei montar outra banda mas depois que você fica 20 anos em grupo como o Oasis, uma das melhores bandas de todos os tempos, não faz sentido ter outra banda parecida", explicou Noel Gallagher.
Futebol
Planejando vir ao Brasil para assistir à Copa de 2014, Noel se manteve com os pés no chão sobre as chances de seu time do coração, o Manchester City, ser campeão inglês deste ano. "É uma ironia que eu esteja na América do Sul enquanto tudo isto está acontecendo. Eu deveria estar lá", brincou, ao lembrar que volta à Inglaterra um dia após o final da temporada. Perguntado se não era engraçado que o City estivesse com chances após o Oasis, que ajudou a torná-lo conhecido mundialmente, ter se separado, Noel foi direto. "Se eu soubesse que bastava o Oasis se separar para o City ter alguma chance, teria saído da banda há muito tempo. Logo depois de ganhar os primeiros US$ 20 milhões.
Transmissão
Noel Gallagher se apresenta no dia 2 de maio, em São Paulo, no Espaço das Américas, como parte do Terra Live Music In Concert, que terá transmissão ao vivo do Terra, pelo sistema live streaming, garantindo audiência via computadores, smartphones e tablets. Ele também se apresenta no dia 3 de maio, no Rio de Janeiro.
A partir das 21h30, O Terra Live Music in Concert começa o aquecimento para o show também ao vivo. A apresentadora Lorena Calábria recebe o editor da Rolling Stone, Pablo Miyazawa, o apresentador e jornalista musical Fabio Massari e o fã responsável pelo site Oasis News, Allison Guimarães, para um bate-papo sobre a carreira do músico britânico: sua participação no Oasis, as polêmicas e, por fim, a carreira solo. A entrada de Noel Gallagher no palco está prevista para as 22h.
O Terra Live Music In Concert é produzido pela XYZ e trará ao Brasil nomes importantes da música internacional, em ao menos 10 edições este ano. A primeira aconteceu no dia 11 de março, com Morrissey e também foi transmitida pelo Terra.
Noel Gallagher recentemente rebateu diversos jornais ingleses que disseram que o músico era a favor do governo de Margaret Thatcher. "Qualquer arte, moda e cultura jovem surgiu na época independente daquela mulher e de sua política de direita, e não por causa dela". Além disso, Noel comentou que vai fazer uma enorme festa quando a ex-primeira ministra morrer. Pensando nisso, o Terra selecionou as frases mais polêmicas do ex-Oasis; confira
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"Eu, na média, sou bom para c***", sobre sua habilidade na guitarra ('Total Guitar', janeiro de 2009)
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Sobre o seu funeral: "isso não me incomoda, porque não vou estar lá. Então nem me importo" ('Melody Maker', dezembro de 1998)
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Sobre a mídia: "bem, eles estão esperando que façamos uma merda monumental e eles que estejam próximos quando acontecer. Nós precisamos estar um passo à frente dessas pessoas" ('San Francisco Chronicle', janeiro de 1998)
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"Nós iremos fazer um disco ao vivo quando eu não tiver mais ideias para músicas ou quando o Liam começar a escrever músicas para o Oasis (risos)" ('NY Rock', dezembro de 1997)
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"Se houvesse medalhas por usar drogas na Inglaterra, eu teria ganhado várias" ('Parkinson', novembro de 2006)
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Sobre o Kaiser Chiefs serem "babacas": "bem, eles são. A pior coisa sobre eles é que eles não são muito bons. Eles tocam produzidos e sentam sobre o topo da insignificância. Eles não significam nada para ninguém, exceto para suas namoradas feias" ('Time Out: Chicago', dezembro de 2008)
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"O que achei sobre Jay-Z cantando 'Wonderwall'? Foi bem engraçado, mas não tenho certeza se ele pode ser visto em público com uma guitarra branca" ('Blender', agosto de 2008)
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"Eu sinto pena do Keane. Não importa quanto eles tentam, eles sempre vão ser quadrados. Mesmo se eles começarem a injetar heroína no pênis, as pessoas ainda vão falar 'ok, mas seu pai era um vigário, boa noite'" ('Herald Sun', outubro de 2008)
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Sobre sua relação com o irmão Liam: "eu gosto de pensar que mantenho isso real. Liam a mantém surreal e em algum lugar no meio disso nós dois nos damos bem" ('The Daily Telegraph', fevereiro de 2007)
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Sobre conhecer Tony Blair: "eu não tenho uma bola de cristal. Eu não sabia que ele iria se transformar num babaca. Eu tinha 30 anos, estava fora de mim com drogas e todos diziam que éramos a melhor banda do mundo. Então o primeiro-ministro nos convida para um vinho. Isso se tornou parte da loucura" ('Spin', setembro de 2009)
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Sobre Thom Yorke, do Radiohead: "não importa o quanto você pense 'estamos todo condenados', no fim do dia as pessoas vão querer que você toque 'Creep'. Supere isso" ('The Daily Telegraph', fevereiro de2007)
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"The Who sempre toca 'I Can't Explain' e nós sempre iremos tocar 'Wonderwall'. As pessoas perguntam se não ficamos cansados disso. Você não pode ficar cansado quando 15 mil pessoas gritam por 'Wornderwall'. É melhor do que drogas. Você fica excitado quando escuta isso" ('Q', dezembro de 1999)
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Sobre U2: "toque 'One' e cale a boca sobre a África" ('The Daily Telegraph', fevereiro de2007)
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Sobre fazer músicas com o resto do Oasis: "eu nunca decretei que, repentinamente, todos estavam autorizados a compor. A porta estava sempre aberta. Mas pelos primeiros 10 anos, todos estavam completamente desinteressados" ('The Guardian', junho de 2005)
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Sobre os shows do Oasis: "isso é rock n' roll; não é um encontro para caridade. Eu não me importo quem você é, por que você está aqui e o que espera. Se você comprar o ingresso você terá o show que fazemos. E se você não gostar disso, você sabe o que fazer" ('DW World', março de 2003)
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"Eu sempre falo para as pessoas que 'Be Here Now' é a melhor propaganda contra a cocaína. Ele segue por muito tempo e é sufocado por sua auto-importância - o mesmo que usuários são" ('Irish Times', outubro de 2008)
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Sobre sua pior tortura psicológica: "estar sentado ao lado de Liam em um voo de 15 horas. Isso aconteceu apenas uma vez, indo para o Japão ou outro lugar. Foi horrível" ('Melody Maker', dezembro de 1999)
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Sobre o aquecimento global: "você não pode culpar os rockstars pelo aquecimento global quando os chineses, indianos e americanos têm jogado merda na atmosfera nos últimos 100 anos" ('Herald Sun', outubro de 2008)
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Sobre downloads grátis: "eu não darei meus discos de graça. Se ninguém comprá-los, eles também não os terão de graça" ('The Clash', outubro de 2008)
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Sobre o irmão: "ele é rude, arrogante, intimidador e preguiçoso. Ele é o homem mais raivoso que você pode conhecer. Ele é como um homem com um garfo em um mundo de sopa" ('Q', abril de 2009)
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Sobre Victoria Beckham: "por que Posh Beckham está escrevendo um livro sobre suas memórias? Ela não consegue nem mascar um chiclete e andar em linha reta ao mesmo tempo" ('NME', setembro de 2001)
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"O mundo de Deus está na Bíblia, certo? E a Bíblia não menciona dinossauros, então ela não é bem verdadeira. Porque se Deus criou os homens primeiro, de onde os dinossauros surgiram?" ('ViaX', outubro de 2006)
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Sobre o disco 'Definitely Maybe': "olhe, eu era super-herói nos anos 1990. Eu disse isso na época. McCartney, Weller, Townshend, Richards, meu primeiro álbum foi melhor do que os álbuns deles. Eles até admitiram isso" ('The Guardian', novembro de 2006)
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Sobre status: "você tem que nos ver na mesma turma dos Rolling Stones agora. Todos já ouviram sobre os Stones, todos sabem como eles soam e todos sabem o que eles fazem. Você vai aos shows porque você gosta ou não gosta. É fácil" ('Rolling Stone', novembro de 2008)
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Sobre arrependimentos: "uma das piores coisas que aconteceu comigo foi quando eu disse aquelas coisas sobre o Blur (em 1995, Noel disse que torcia para que Damon Albarn e Alex James contraíssem AIDS). Minha mãe me ligou quando ela viu isso e ficou muito brava. Ela disse: 'eu não o criei para falar assim'" ('Irish Times', outubro de 2008)
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Sobre Liam: "eu li essas entrevistas com ele e eu não sei quem esse cara é nessas entrevistas. Ele parece ser bem legal, porque o cara com quem passei 18 anos em uma banda é um tremendo babaca" ('Herald Sun', outubro de 2008)
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"Eu não entrei para a reabilitação como meus amigos fizeram - bando de maricas" ('Q', dezembro de 1999)
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Sobre o Blur: "Damon Albarn é um tremendo babaca. E seu guitarrista, que em pensei que fosse OK, parece pensar que é uma pessoa super inteligente, aquele idiota. Eu nunca conheci o baterista e o baixista, que de primeira eu não gostei e achei que era outro babaca, mas ele pareceu ser gente boa. Mas eu não gosto da música e do vocalista" ('NY Rock', dezembro de 1997)
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"Eu desprezo hip-hop. Detesto. Eminem é um completo idiota e eu acho 50 Cent a pessoa mais desagradável que já cruzei na minha vida" ('The Guardian', junho de 2005
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Sobre o festival Live 8: "eu não estou certo sobre essa coisa do Live 8. Corrija-me se estiver errado, mas eles esperam que um desses caras do G8 em uma rápida pausa em Gleneagles veja Annie Lennox cantando 'Sweet Dreams' e pense: 'nossa! Ela tem um ponto aí'. Isso não vai acontecer, não é?" ('The Guardian', junho de 2005)
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"Eu certamente não acredito em religião, embora ache fascinante que isso tenha se tornado tão poderoso a ponto de ditar a moral na sociedade ao longo de centenas de anos. Mas eu não vejo a mão de Deus trabalhando em nenhum lugar do mundo" ('Clash Magazine', outubro de 2008)