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SP: Noel economiza nos clássicos, mas rege coro emocionado

2 mai 2012 - 22h18
(atualizado em 31/5/2012 às 13h45)
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Tiago Agostini
Direto de São Paulo

"Não olhe para o passado com rancor." O trecho não é apenas o nome e a letra de uma das melhores músicas do rock dos anos 90. Cantado a plenos pulmões por um Espaço das Américas lotado, o ápice do refrão da canções do Oasis, executada como o derradeiro ato do show de Noel Gallagher, nesta quarta-feira (2), em São Paulo, com transmissão em HD ao vivo pelo Terra, soava, como sempre, como um grande hino melancólico. Nunca, talvez, as palavras tenham feito tanto sentido quanto ao encerrar um show da turnê solo do ex-guitarrista da maior banda britânica dos anos 90.

Conta a história que o Oasis se formou após Noel voltar para casa de uma viagem como roadie do Inspiral Carpets. Ele viu um ensaio da banda do irmão mais novo, Liam, e disse que aceitaria fazer parte dela desde que tomasse conta de todas as composições. De certa forma, nascia ali o estereótipo dos irmãos que lideraram a banda: Noel era a criatividade, Liam a rebeldia. Através dos anos, apesar da língua afiada do guitarrista, a imagem apenas se reforçou.

Em 2009, quando a banda acabou, os estereótipos se solidificaram. Foi um rompante nervoso de Liam - que teria arremessado uma guitarra contra o irmão no camarim do festival Rock En Seine, em Paris - que causou a separação do grupo. O caçula dos Gallagher arregimentou seus antigos companheiros e montou o Beady Eye, um arremedo de Oasis sem inspiração e tesão zero. Noel esperou um tempo, mudou de casa, teve um filho e soltou, em outubro de 2011, seu primeiro trabalho solo, High Flying Birds, um álbum anos luz à frente de alguns dos últimos trabalhos de sua antiga banda.

Divagações à parte, chegamos à apresentação desta quarta-feira (2). Noel abriu seu show com dois números menores dentro da discografia do Oasis, (It's Good) To Be Free e Mucky Fingers, e mesmo assim a plateia urge ao som do primeiro acorde de violão do inglês. Chega então uma trinca de arrebatar do disco novo - Everybody's On The Run, Dream On, e a altamente esperada If I Had A Gun - e a plateia enlouquece e canta ainda mais. Como em um estádio, o coro de "olê, olê, Noel, Noel" surge naturalmente.

O primeiro clássico de verdade da banda britânica, Supersonic surge apenas na metade do show, em versão acústica. De fato, ao lado de Don't Look Back In Anger, ela é o único megahit a figurar na noite. Não que Noel ignore sua carreira na banda, como Liam fez até agora no Beady Eye. Ele passeia por algumas das melhores canções, como o lado b Talk Tonight e o single Whatever - apresentado em uma versão mambembe e preguiçosa, no entanto, que perde toda a grandiosidade da melodia. Como já declarou, Noel sabe que, se em algum dia o show estiver no rumo errado, sempre poderá pegar o violão e tocar Wonderwall. Em seis meses, o truque fácil parece não ter sido necessário.

Não que o show seja perfeito - e a acústica e a qualidade do som do Espaço das Américas, mais uma vez com os instrumentos embolados e com a bateria se sobressaindo por quase todo o show, não ajudam. O final da primeira parte, com Stranded On The Wrong Beach, soa arrastado, e a volta do bis com Let The Lord Shine não reanima a plateia - apesar de Noel declarar que esta é a primeira vez que a banda a toca. Ele até poderia revisitar alguns outros números mais conhecidos - ao ouvir o pedido por The Masterplan, foi direto: "ela está em um disco, chegue em casa e ouça" -, mas o guitarrista reverencia o passado e quer se fazer respeitar pelo presente. Nada mais justo, e que o digam The Death of You And me e AKA... What A Life, do último álbum, que surgem vigorosas e como dois dos melhores momentos do show.

Num rompante de modéstia tardia, Noel Gallagher declarou, ao lançar High Flying Birds, que não se considerava um grande guitarrista ou um grande vocalista, mas que, a junção de suas habilidades resultavam em música de qualidade. Se há um talento que se sobressai em Noel, no entanto, é a facilidade de criar melodias pegajosas e grandiosas. Pode parecer nada, mas um coro ensurdecedor com os versos but don't look back in anger, I heard you say deve significar alguma coisa.

Confira o setlist da apresentação desta quarta-feira em São Paulo.

(It's Good) To Be Free

Mucky Fingers

Everybody's on the Run

Dream On

If I Had a Gun...

The Good Rebel

The Death of You and Me

Freaky Teeth

Supersonic

(I Wanna Live in a Dream in My) Record Machine

AKA... What a Life!

Talk Tonight

Soldier Boys and Jesus Freaks

AKA... Broken Arrow

Half The World Away

(Stranded On) The Wrong Beach

Bis

Let the Lord Shine a Light on Me

Whatever

Little By Little

Don't Look Back In Anger

Terra Live Music In Concert

O show de Noel Gallagher no Espaço das Américas, em São Paulo, faz parte do Terra Live Music In Concert, com transmissão ao vivo do Terra, pelo sistema live streaming, garantindo audiência via computadores, smartphones e tablets.

O Terra Live Music In Concert é produzido pela XYZ e trará ao Brasil nomes importantes da música internacional, em ao menos 10 edições este ano. A primeira aconteceu no dia 11 de março, com Morrissey e também foi transmitida pelo Terra.

Fonte: Terra
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