"Ter uma família faz toda diferença na carreira", diz Brendan Benson
Parceiro de Jack White no The Raconteurs toca nesta quarta (22) em SP
Brendan Benson admite: a felicidade tem sido um estado de espírito constante nos últimos anos. O parceiro de Jack White no The Raconteurs se mudou para a musicalmente fértil Nashville, construiu uma família com o nascimento do filho Declan em 2010 e adquiriu liberdade criativa total com um estúdio e uma gravadora próprios.
Benson começou sua carreira solo em 1996, com o lançamento de One Mississippi. Desde então, foram quatro discos solos, dois com o The Raconteurs e um punhado de canções que o coloca numa linhagem de "caras que só se importam com melodias" que inclui Paul McCartney e Elvis Costello, entre outros. Experiências que moldaram os trabalhos recentes do músico. "Sou influenciado pelo ambiente musical que me circunda", diz o músico em entrevista por e-mail ao Terra.
What Kind Of World, fruto mais recente da carreira, lançado em 2012, flagra um Brendan Benson amadurecido. "Ter uma família faz toda a diferença do mundo", admite. "Sempre escrevi com sinceridade, mas minha música evoluiu com minha experiências de vida." O disco também foi o primeiro de Benson pelo Readymade Records, seu selo próprio. "Tenho liberdade de lançar meu trabalho quando quiser. O que é desafiador de certa forma, mas também muito excitante."
Nesta quarta-feira (22), Benson faz seu segundo show da primeira turnê brasileira no Cine Joia - no domingo ele se apresentou no festival Bananada, em Goiânia, e ainda toca na Virada Paulista, em Presidente Prudente (25) e Marília (26). No repertório, músicas antigas, material de What Kind Of World - a balada Bad To Me é presença certa - e "algumas surpresas". Em Goiânia ele tocou Hands, de Broken Boy Soldier, primeiro disco do Raconteurs. Quem sabe não surgem mais músicas da parceria com White?
Confira abaixo a entrevista completa:
Terra: Você tem quase 20 anos de carreira solo. Qual foi a maior mudança desde então?
Brendan Benson: Ter uma família faz toda diferença do mundo. Fez com que mudasse minhas prioridades de tempo. Tem dado certo, já que sou muito produtivo e isso me faz ficar mais em casa.
Terra: O que fez com que você mudasse para Nashville?
BB: É um ótimo lugar para morar. Tenho meu estúdio, minha casa e estou cercado por uma ótima comunidade de músicos. Nashville tem tudo que uma cidade moderna pode oferecer, com a música como especialidade. Não posso reclamar de absolutamente nada.
Quanto What Kind Of World foi influenciado pela cidade?
BB: Não tenho certeza se Nashville o influenciou tanto quanto o meu ambiente musical. Este álbum nasceu de um turnê com o The Posies - Ken Stringfellow e Jon Auer foram os primeiros a tocarem este material. Minha inspiração para as letras vem do que acontece no meu dia a dia. De certa forma, acho que morar em Nashville afeta meu ambiente musical, e, logo, influenciou minhas letras.
Terra: Você disse que, em What Kind Of World, conseguiu escrever músicas de uma forma sincera. Isto é algo que se adquire com idade e experiência?
BB: Sim e não. Acredito que sempre escrevi com sinceridade, não conheço nenhuma outra forma. Mas creio que minha música evoluiu e amadureu com minhas experiências de vida.
Terra: Seria Happy Most Of The Time (de What Kind Of World) a canção que melhor descreve seu momento atual?
BB: Rá, suponho que sim. Certamente tem sido um estado de espírito constante por um bom tempo, já.
Terra: O que você conhece sobre música brasileira?
BB: Não muito, para falar a verdade. Espero ir ao Brasil e poder vivenciar tudo, da música à cultural local e às pessoas.
Terra: Qual a expectativa para os shows?
BB: Ouvi coisas maravilhosas de amigos como o Dean (Fertita), do Queens of The Stone Age. Parece haver uma ótima cena e muita energia pela e ao redor da música.
Terra: Você tem seu próprio selo agora, o Readymade Records. Você se sente mais livre enquanto artista?
BB: Sim. O Readymade me possibilitou a liberdade de lançar meu trabalho quando quiser. O que é desafiador de certa forma, mas também muito excitante.
Terra: Como você escolhe os artistas que vai lançar no selo?
BB: Trabalho apenas com música que amo. Muitos dos artistas acabam sendo amigos queridos também. Acredito que o selo foi o resultado de criar música e ter bons momentos com as pessoas ao meu redor.
Terra: Seus últimos shows foram baseados em What Kind Of World. Você planeja algo diferente para o Brasil, como é sua primeira vez no País?
BB: Teremos um pouco de tudo. Músicas antigas, certamente músicas de What Kind Of World e algumas surpresas.
Terra: Com que frequência você encontra o Jack White?
BB: Sempre que possível. Vivemos em Nashville, então nossos filhos são amigos e estamos no mesmo círculo de amizades. Depende apenas da agenda de cada um.
Terra: Você ainda compõe com ele?
BB: Quando a inspiração vem no momento certo, sim.
Terra: Há alguma chance de o Raconteurs voltar a tocar junto?
BB: Veremos.
SERVIÇO
Brendan Benson em São Paulo
Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82, Liberdade)
23h
Ingressos: R$ 120 (R$ 60 meia-entrada)