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Lady Gaga promove comunhão com o público em show em SP

12 nov 2012 - 07h40
(atualizado às 15h03)
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Tiago Agostini
Direto de São Paulo

Assim que as luzes se apagaram no Estádio do Morumbi, às 21h deste domingo (11), um coro enorme de "Gaga, eu te amo" foi ouvido instantâneamente. A cortina foi solta no palco, revelando o castelo medieval do cenário, e Lady Gaga entrou triunfante, toda de preto, em cima de um cavalo de mentira cercado por uma leva de súditos, tal qual uma rainha. Após dar uma volta na passarela que se estendia por metade da pista vip, e desaparecer por entre o cenário - não sem antes mostrar a bunda pela primeira vez no telão -, ela voltou ao palco por uma fenda em um boneco, simulando um parto. Em menos de cinco minutos, ali estava o resumo do que o público veria nas duas horas e meia seguintes: teatralidade em excesso.

A comoção nível Show da Xuxa do público não é de graça: Gaga possui uma relação quase maternal com seus fãs. Todo discurso de sua carreira, e que molda o espetáculo, é o de que as pessoas tem que se aceitar da maneira como elas são. É auto-ajuda rasteira, mas funciona: logo na terceira música Gaga canta Born This Way, que dá nome à atual turnê e a comoção pode ser vista no mar de mãos que se agitam aos pulos por todo estádio. "Não sou mulher, nem homem, nem humana. Eu sou vocês!", diria uma performática Lady Gaga mais para a metade do show. "Nós dividimos as mesmas esperanças, sou tudo que vocês quiserem."

Se o que os fãs queriam eram os hits, eles vieram em profusão e distribuídos pelo setlist. Após o fim de Bad Romance,, ainda na primeira metade da apresentação, Gaga fica parada no meio do palco, num dos poucos momentos de silêncio do show, apenas apreciando os gritos fervorosos do público. Poker Face chegou mais ao final, acompanhada de Paparazzi e Alejandro, uma trinca de respeito, daquelas que explicam Gaga ocupar um dos postos mais altos no olimpo do pop atual.

Mas o público da cantora é fiel e canta praticamente todas as músicas como se fossem uma verdade absoluta. Gaga reconheceu a paixão, citando inclusive a baixa venda de ingressos que fez com que entradas para o show fossem parar em sites de vendas coletivas e em promoções de lojas de roupa. "Obrigado por terem comprado o ingresso, sei que é caro e que vocês dão duro por esse dinheiro", disse, exaltando que o local estava "praticamente lotado" - mesmo que a parte direita da pista vip estivesse praticamente vazia durante o show inteiro. O pouco tráfego na região no final da tarde já denunciava que este não seria mais um dos caóticos shows no estádio a que os paulistanos se acostumaram nos últimos tempos. Segundo a produtora do show, o público foi de 50 mil pessoas.

A produção, como não poderia deixar de ser em uma turnê gigantesca, é caprichada. Gaga troca de figurino praticamente a cada música - o vestido de carne aparece -, assim como seus dançarinos. O imenso castelo, que por vezes parece uma casa de bonecas gigante, abre e fecha sua parte da frente algumas vezes durante o show, carregando consigo os músicos. Mais uma performer do que uma dançarina, Gaga economiza nos movimentos e usa pouco o playback, se arriscando, inclusive, ao teclado em alguns momentos.

"Isto é uma festa, não um funeral. Mesmo se fosse um funeral, seria o meu funeral, e então haveria festa e muito sexo." Os longos discursos da cantora são uma das marcas mais fortes da apresentação. "Quando eu tinha quatro anos, sonhava que poderia me tornar uma estrela. Não desistam do seus sonhos", dispara quase ao final da apresentação. Não faltam, óbvio, elogios ao Brasil e ao público caloroso. "Aprendi na minha viagem à América Latina que vocês são os fãs mais apaixonados que existem", disse uma diplomática Gaga, antes de um dos vários "I love São Paulo".

A relação com os fãs, no entanto, é o centro do show. Não à toa, Gaga chama pessoas da plateia ao palco duas vezes. Da primeira, ela foi presenteada com uma corrente com o símbolo do infinito como pingente. Enquanto conversava com os "monstrinhos", como chama seus fãs, ela foi acertada por uma boneca atirada da plateia. Enquanto o público ensaiava uma vaia e xingamentos, Gaga se apressou em acalmar a todos, num discurso paz e amor. Já no bis, ela chama outros quatro fãs para subirem ao palco, anda com eles pela passarela como se fossem seus súditos do começo, mas agora vindos do povo. Após um boa noite animado, Gaga e os quatro descem por um elevador da passarela, juntos. Não poderia acabar de outra forma.

Lady Gaga se apresentou em São Paulo na noite deste domingo (11)
Lady Gaga se apresentou em São Paulo na noite deste domingo (11)
Foto: T4F / Divulgação
Fonte: Terra
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