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Roger Waters destrói muro e homenageia Jean Charles em turnê

25 mar 2012 - 22h43
(atualizado em 26/3/2012 às 12h05)
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Maurício Tonetto
Direto de Porto Alegre

Os 137 metros de largura do muro construído no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), para a turnê The Wall, trouxeram ao Brasil mais do que o histórico álbum do Pink Floyd e as inesquecíveis Another Brick in the Wall e Comfortably Numb. Os tijolos de Roger Waters entorpeceram quase 50 mil fãs com uma experiência quadrifônica e uma forte mensagem política, que começou com a Segunda Guerra Mundial e chegou ao ano de 2012 através de frases e imagens de repúdio a diversas formas de violência e intolerância. O baixista criticou o capitalismo, os símbolos religiosos e econômicos, a dominação tecnológica e a própria Inglaterra, seu país natal, que cometeu "um terrorismo de Estado" ao assassinar o brasileiro Jean Charles de Menezes.

Infográfico: Veja curiosidades sobre The Wall

"Dedico o concerto a Jean Charles e sua família pela luta pela verdade e justiça e a todas as vítimas do terrorismo de Estado", disse o carismático Roger waters, em português. Ele abriu a ópera-rock com In The Flesh?, seguida de Thin Ice e Another Brick in the Wall. Já nas primeiras músicas, o público pode sentir uma profusão de vozes, sons e explosões em diversos cantos do estádio, que ajudaram a envolver os fãs no ambiente intimista e sombrio do álbum, tocado na íntegra.

"Em 1978, eu achava que o muro era sobre mim. Estava errado. Não é sobre mim, mas sobre Jean Charles e sobre tantos outros", confessou ele. À medida que o show avançava, o muro ia sendo construído, até que se tornou um imenso projetor de altíssima definição. Algumas animações, como o contato voraz entre duas flores - alusão ao afeto e disputa dos sexos masculino e feminino - em Empty Spaces, resgataram o conceito psicodélico do filme, exibido pela primeira vez em 1982.

Outras projeções mostraram a ironia de Waters com relação aos governos, especialmente na canção Mother, quando ele pergunta "devo confiar no governo?" e responde de uma forma não muito educada, mas que rendeu gritos de aprovação. Na primeira parte do show, o maior destaque ficou com Another Brick in the Wall e o coral de crianças da ONG Canta Brasil. "Estou muito feliz de estar aqui e quero agradecer as crianças que cantaram comigo", falou o britânico.

Waters encerrou o lado A do espetáculo projetando a fase decisiva da vida de Pink (Bob Geldof), personagem central do The Wall, e os dilemas que ele enfrentaria até se libertar de todos os muros que o prendiam, numa viagem autobiográfica emocionante: escola, morte do pai, casamento frustrado, depressão, abandono e guerra. Mais de 30 anos após o lançamento do disco, o baixista procurava mostrar que os conflitos permanecem vivos e apenas mudaram de cara, causando dor a diversas nações do mundo.

Derrubem o muro!

Ao fim do primeiro bloco, com Good Bye Cruel World, o muro era uma barreira que separava completamente público e banda, sendo preenchida pela projeção de mortos de guerra em fotos enviadas por suas famílias. A temática bélica estava presente em todos os momentos e era mostrada como uma dura realidade, como Waters cantou em Hey You.

Os bonecos gigantes do professor, da mãe opressora e da mulher vingativa retratavam os demônios enfrentados pelo roqueiro em busca de identidade, superação dos traumas e uma vida menos vazia. Como no filme, o personagem se entrega e dá adeus em Comfortably Numb, ressurgindo a seguir como o líder de uma seita estranha, comandada por ele próprio.

As crises encenadas por Waters e potencializadas nas projeções e músicas chegam ao ápice no julgamento do cantor, em The Trial, onde ele é condenado a expôr os seus sentimentos para um mundo ávido por censurá-lo. É a vazão para o desfecho da história de Roger Waters e de um mundo que segue em guerra, como o baixista ressalta magistralmente nas duas horas de The Wall.

Depois de julgar e condenar, a corte animada de The Wall manda destruir os tijolos e conclama o público a gritar junto "derrubem o muro, derrubem o muro!" Os tijolos vêm abaixo e os músicos tocam sobre as ruínas com acordeom e trompete a amena Outside the Wall. Em 29 de março e 1º e 3 de abril, os próximos muros serão destruídos no Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente.

Setlist:

In The Flesh?

The Thin ice

Another Brick in the Wall Part 1

The Happiest Days of Our Lives

Another Brick in the Wall Parte 2

Mother

Goodbye Blue Sky

Empty Spaces

What Shall We Do Now?

Young Lust

One of my Turns

Don't Leave Me Now

Another Brick in the Wall Part 3

The Last Few Bricks

Goodbye Cruel World

Antes de vir ao Brasil, Roger Waters se apresentou no Chile (foto)
Antes de vir ao Brasil, Roger Waters se apresentou no Chile (foto)
Foto: EFE

Intervalo de 20 minutos

Hey You

Is There Anybody Out There?

Nobody Home

Vera

Bring the Boys Back Home

Comfortably Numb

The Show Must Go On

In The Flesh

Run Like Hell

Waiting for the Worms

Stop

The Trial

Outside the Wall

Fonte: Terra
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