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O "cara" entre "vipinhos e vipões": confira os 10 micos do Rock in Rio

Maior festival de música do Brasil teve muitos acertos e melhorias, é bom se dizer, mas, como todo ano, não faltaram deslizes

23 set 2013 - 08h50
(atualizado em 13/9/2017 às 12h01)
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<p>O Capital Inicial abriu a programação do Palco Mundo no primeiro sábado do evento</p>
O Capital Inicial abriu a programação do Palco Mundo no primeiro sábado do evento
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Primeiramente, a explicação cultural: a expressão pagar mico, que na linguagem popular nos remete a alguma situação embaraçosa, constrangedora, dentre outros sinônimos para a vergonha alheia, é oriunda de um jogo de cartas. No jogo infantil, o "Mico Preto" é o único animal que não possui macho e fêmea. Se você não formar o par, e ficar com a última carta, paga o mico e perde o jogo. 

No Rock in Rio 2013, muita gente perdeu muito mais do que um simples jogo de baralho. Foi questão de compostura mesmo. Desde falhas da organização, que é bom que se diga, melhorou em muitos aspectos no comparativo com 2011 (diminuir o público de 100 mil para 85 mil pessoas foi uma delas), passando pela lista de famosos dividida entre "vipões e vipinhos", até o "cara" Dinho Ouro Preto, que num discurso modorrento, conseguiu a proeza de repetir a mesma palavra 12 vezes em menos de um minuto, o maior festival de música do País deixou algumas pérolas após sete dias de alto e bom som. Quer dizer, nem sempre foi bom som assim.

Menos, Ghost B.C., menos…

É uma estratégia clara de marketing do metal cobrir os rostos, e impedir que os fãs saibam a verdadeira identidade dos integrantes da banda. Slipknot que o diga. Mas os suecos do Ghost B.C. entram nesta lista pelo simples fato de que a cara de mal não assustou ninguém. Com claras críticas à Igreja Católica, e um visual satânico de Papa (alou, Francisco!), eles criaram uma expectativa que viu-se frustrada. Muita encenação, e pouca agitação. A recepção foi tão fria que, horas depois, James Heitfield, vocalista do Metallica, questionou o público se eles haviam gostado do Ghost. Diante do silêncio, restou a frase: "pobre, Ghost". Falou e disse. 

<p>Misteriosa e cadavérica, a banda Ghost fez seu espetáculo na última quinta-feira (19)</p>
Misteriosa e cadavérica, a banda Ghost fez seu espetáculo na última quinta-feira (19)
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Oportunismo?

É importante falar do momento político do País, independentemente de ser um festival de música? Claro. Cazuza e Barão Vermelho, até hoje, são lembrados pela frase do poeta, após encerrar o show com Para o Dia Nascer Feliz, e mandar "que o dia venha nascer com uma moçada esperta", no primeiro Rock in Rio, em 1985, quando o Brasil, enfim, se despedia do período militar com a eleição de Tancredo Neves. Entendido? Pois bem. O fato é que o RIR de 2013 enfrentou uma inundação de discursos no palco, qualquer que fosse a banda brasileira no palco Mundo, que beirou um oportunismo dispensável, tendo em vista as manifestações populares que pipocaram pelo País desde junho. Soou como se todo mundo quisesse tirar "uma casquinha". 

Rogério Flausino chamou Lulu Santos para cantar Tempos Modernos, num clichê que só não foi mais chato do que o seu discurso. O Skank comparou "maconheiros" com "mensaleiros", o Sepultura avisou que o "País não estava mais dormindo", e exibiu até imagens no telão dos índios expulsos de seus territórios para a construção da usina de Belo Monte, no Pará. Mas nada, meu amigo, nada, fã do Rock in Rio, causou mais vergonha alheia do que ele, o "mito mangueirense", Ivo Meireles, que travestiu seu rosto e sua banda de Black Bloc, o grupo de preto que enfrenta a PM nas manifestações. Dentre tantas faixas que o público trouxe à Cidade do Rock, faltou a mais óbvia: "desce desse palco pelo amor de Deus". 

Assassinando o pop

Seria um absurdo natural, se é que se pode dizer tal expressão, questionar a presença de Phillip Phillips no palco Mundo do Rock in Rio. Afinal, um sujeito com um violão para um palco enorme, que tem no currículo a super marcante vitória no último American Idol, nos EUA, mereceria um lugar entre os headliners? Bom, até aí é questão de organização, empresários, o cara tem música que toca na novela, etc. 

<p>Phillip Phillips foi o vencedor da temporada de 2012 do 'American Idol'</p>
Phillip Phillips foi o vencedor da temporada de 2012 do 'American Idol'
Foto: Mauro Pimentel / Terra

O imperdoável em questão não foi sua simples e minguada presença de palco, mas o fato de ter assassinado dois clássicos do pop. Primeiro, fez Michael Jackson jorrar lágrimas, de onde quer que ele esteja, com uma versão rock-surfistinha (!) do clássico Thriller. É o mesmo caso de Marvin Gaye: ao tocar Let's Get it On, totalmente despedaçada, como se estivesse num show de calouros no colégio, conseguiu o seu lugar entre os micos do Rock in Rio 2013. Clap, clap, clap. 

Dinho Ouro Preto, o "cara"

Dinho Ouro Preto, vocalista e líder do Capital Inicial, conseguiu um feito muito maior do que, mais uma vez, um lugar para a sua banda no palco Mundo, o principal do RIR. Antes da canção Saquear Brasília, e de colocar o seu nariz de palhaço (super original), ele obteve o recorde da fonética repetitiva. Entre anunciar a música e o seu discurso batido e modorrento antes dos acordes iniciais, Dinho pronunciou a palavra "cara" por 12 vezes em 55 segundos. Uma proeza! Quem é que conseguiria cuspir tantas vezes a mesma palavra ao microfone, diante de uma multidão, em tão curto espaço de tempo? Tudo bem que ele disse "cara", uma vez, se dirigindo a Natan Donadon, "o nosso primeiro congressista presidiário". O que, de forma alguma, lhe tira a "honra" do seu grande e inesquecível mico. 

Capital Inicial homenageia Charlie Brown Junior no Rock in Rio:

Eis o célebre discurso: "Vamos usar a cabeça, cara. Esse Natan Donadon, esse cara, nosso primeiro presidiário congressista, cara. O próprio Congresso, cara, por ter mantido o cargo desse sujeito, falou, cara. Então, cara, cada um de vocês pode fechar os olhos de vocês, cara, e escolher o seu preferido, cara, eu prefiro, cara, dedicar ao parlamento brasileiro pelo conjunto da obra. Tá ligado, véio (aeee!). Eu tenho a seguinte impressão, cara, quando neguinho olha lá de cima, de Brasília, para o resto do Brasil, cara, olha para baixo, cara, para a planície, eles olham 200 milhões de cidadãos assim, ó. (Atinge o ápice da originalidade e coloca o nariz de palhaço). Essa aqui é pra Brasília, essa aqui se chama Saquear Brasília, e vai assim". Clap, clap, clap. 

Caramba, Darth Vader!

Solos de guitarra, obviamente, são super bem-vindos num festival de Rock. Numa noite de metal, então, nem se fala. Kirk Hammet, um dos melhores guitarristas do mundo, na épica apresentação do Metallica neste Rock in Rio 2013, deixou aquela sensação estudantil de que você sabe tudo da matéria e só não tirou 10 na prova porque cometeu um errinho bobo. No caso de Hammet, foi ter errado o solo da marcha imperial de Guerra nas Estrelas. Um mestre da guitarra como ele não pode cometer tal deslize. Os fãs da saga agradecem. 

Vipão, vipinho e a polêmica

O mundo das celebridades sempre foi, continua sendo, e por muitos anos permanecerá como um prato cheio para os polêmicos de plantão. Não estamos falando dos amassos da Sophie Charlotte dentro do carro, é bom avisar. A lista que vazou de famosos convidados para um camarote de uma marca de cerveja na Cidade do Rock virou assunto por separar, pelo "grau de importância", os vipões dos vipinhos. A organização rapidamente se pronunciou explicando que a diferenciação era em relação aos dois espaços que a marca tem, um maior (vipão), e um menor (vipinho). Mas o estrago já estava feito, os memes pipocaram pelas redes sociais e o caso veio parar aqui nesta lista "vipona". 

Thaila Ayala e Sophie Charlotte estiveram no evento
Thaila Ayala e Sophie Charlotte estiveram no evento
Foto: Alex Palarea / AgNews

O velho problema

Erros de escalação de palco no Rock in Rio são históricos e notórios. Carlinhos Brown e Lobão que o digam. Mas não dá para deixar passar em branco o fato de bandas com grande público como The Offspring e Rob Zombie serem atrações do palco Sunset. Tudo bem, é bacana deixar atrações fortes num palco que agradou e muito público e crítica com sua mistura muitas vezes indecente de estilos. A questão aqui é deslocamento: o público simplesmente ficou preso e virou uma verdadeira via-sacra sair do Sunset para o Mundo nas duas apresentações, principalmente. Sem falar na questão que aturar o Ghost B.C. no palco principal, enquanto Rob Zombie, pela primeira vez em carreira solo no Brasil, espremia sua fúria no stage secundário foi, sem dúvida, um grande desperdício para a primeira noite do metal. 

Tapando o nariz

É de se louvar o fato de o Rock in Rio, ao contrário de outros festivais, contar com estrutura própria de esgoto para os banheiros darem conta da multidão. As filas não estavam intermináveis e, de um modo geral, quem ficou no aperto, conseguiu respirar aliviado. Ops, quer dizer, não foi bem assim. A exemplo do que já havia ocorrido em 2011, os banheiros voltaram a ser um ponto negativo na organização do RIR. 

Em alguns, o sistema de sucção não funcionou e transbordou tudo. O mau cheiro imperou em alguns pontos da Cidade do Rock, principalmente no primeiro fim de semana. A ponto de a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro interditar uma lanchonete próxima a um dos mictórios por risco de contaminação. Lamentável, pois.  

Falha na assistência médica

Um festival do porte e reconhecimento do Rock in Rio não pode cometer o equívoco de colocar anos de preparação, e milhares de fãs que compraram ingresso e se planejaram para o evento em risco. Pois foi o que aconteceu: após o primeiro final de semana, o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, junto com avaliação do Corpo de Bombeiros, entrou com pedido de suspensão dos quatro dias seguintes de shows. 

Os bebedouros de água potável ficaram com filas
Os bebedouros de água potável ficaram com filas
Foto: Osmar Portilho / Terra

O argumento foi que o festival não cumpriu com o exigido pelos órgãos de segurança, não fornecendo o número necessário de profissionais da área de assistência médica, conforme havia sido acordado. Além disso, os fiscais de segurança do MP certificaram ainda que áreas de escape do festival estavam, simplesmente, trancadas, o que aumentaria, e muito, o risco aos fãs em caso de qualquer emergência. As medidas de adequação foram tomadas, e a música seguiu em alto e bom som. Mas…precisava disso? 

Sol sem peneira

Algumas perguntas óbvias: todo mundo não sabe que a Cidade do Rock está mais afastada do mar, sem brisa, e faz um calor danado? Fernanda Abreu não era uma das convidadas? Então, em que parte a organização do Rock in Rio (40 graus) não entendeu que o calor desidrata, causa desmaios, faz mal para a pele? A primavera já chegou e o calor saárico imperou em cinco dos sete dias de Rock in Rio. 

Seria mais humano pensar numa estrutura que propiciasse, ao menos, algumas sombras para a multidão, que gosta de chegar cedo, mas não pode entrar com guarda-chuva para se proteger dos raios solares. Mas, não. O que se viu foram os fãs se protegendo com cangas, dando um jeito, em suma. Isso sem falar que a fila para os raros bebedouros eram enormes, e a garrafinha de água custava R$ 4. 

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Fonte: Terra
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