Apresentador do Planeta Terra, Kid Vinil vê força no mercado brasileiro
- David Shalom
- Direto de São Paulo
Com visual despojado - boné e camiseta dos ingleses do Bombay Bycicle Club, uma das bandas que tocam no Palco Indie do Planeta Terra 2011, do qual será apresentador da transmissão pelo quinto ano consecutivo -, Kid Vinil conversou com o Terra na tarde desta quinta-feira (3) sobre a edição que ocorre neste sábado (5), "uma das mais disputadas da história do evento", em suas próprias palavras. Para ele, o Brasil, com número de shows internacionais maior a cada ano, continuará recebendo mais e mais bandas, pois "todo mundo agora quer excursionar no País", não só pela boa fase da economia, como, principalmente, pelo fato de ser um ótimo lugar para a música.
"O mercado aqui é bom e, em termos de público, o brasileiro é legal, empolga, passa sempre uma boa impressão aos conjuntos", opinou, citando a grande quantidade de shows e festivais que ocorreram por aqui em 2011. "Inclusive, tem uma banda que vai tocar no Planeta, o White Lies, que já veio para cá e disse estar muito empolgada para voltar".
Aos 56 anos de idade, o fundador da banda Magazine adiantou quais serão suas funções no festival, que apresenta desde a sua primeira edição. Ao seu lado, Kid terá Bárbara Thomaz, que comanda o programa Glam no canal Glitz, além do contato direto com Patrícia Travassos e Juliana Rios, respectivamente, nos bastidores dos palcos Main Stage e Indie.
Direto de um estúdio montado bem no meio da pista do evento, Kid fará justamente o que mais se acostumou a fazer quando trabalhou como radialista e jornalista: falar sobre música. Nos intervalos das apresentações, contará a história das bandas, baterá um papo com a co-apresentadora e trará novidades ao público por meio das repórteres dispostas atrás dos dois palcos do evento. "Basicamente, estaremos lá conversando de uma forma muito leve".
Indie ou pop?
Notório representante da cena independente paulistana na década de 1980, Vinil se mostra satisfeito com o fato de a cidade ter, já há cinco anos, um festival com bandas alternativas com tamanho status entre os admiradores de música. "Há uma grande diferença em comparação a outros eventos do tipo. O Planeta é o único que circula pela cena indie. A gente não vai trazer para o festival, por exemplo, um Black Eyed Peas, uma banda que sempre vem para cá".
À medida em que o sucesso vai se tornando irreversível, no entanto, os mesmos grupos anteriormente classificados como indies acabam ganhando o rótulo de pop, algo facilmente observado ao se analisar o line-up do Planeta, composto por dois nomes consolidados no mercado. "Desde que surgiu, o indie sempre foi assim, de 'virar' pop. Os Smiths e o New Order, por exemplo, eram bandas indies antes de passarem a ser chamadas de pop", aponta. "O Bombay, que tem muito a ver com a inteligência dos Smiths, está fazendo um enorme sucesso agora na Inglaterra. De repente, estoura no ano que vem e também vira pop".
Talvez seja essa própria lógica do indie migrando para o pop, ao menos no que diz respeito ao rótulo, que explique a razão de o Planeta Terra ter entrado para o time dos grandes festivais brasileiros. "Acaba não sendo só o indie, pois o público do pop também acaba vindo. O Strokes já é pop; o Beady Eye, que tem postura indie, também, até porque conta com uma figura como o Liam Gallagher, com nome conhecidíssimo graças ao Oasis". Sobre a atração principal, ainda faz um parentêse, destacando o Strokes como um fenômeno do estilo: "é incrível como essa banda, com mais de dez anos de estrada, ainda está aí. Todo mundo considera o Strokes um clássico dos anos 2000 e, sem dúvida, é um show que quero muito ver".
Kid ainda destaca os artistas brasileiros que fazem parte do line-up do festival, dando ênfase ao seu favorito entre eles, o quinteto Garotas Suecas. "São todas bandas muito boas. Gosto também do The Name, do Nação Zumbi, que todo mundo conhece, e, claro, do Criolo, uma grande revelação da música brasileira".
