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Paquistão abre as portas aos ritmos latinos com trio de jazz cubano

27 jan 2013 - 10h04
(atualizado às 14h42)
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O trio de jazz A3 é o primeiro grupo cubano de música que visita o Paquistão em décadas e, apesar da distância cultural entre os ritmos locais e caribenhos, a experiência foi muito "positiva e enriquecedora", segundo os músicos.

Ava, Ariel e Alberto chegaram em setembro ao Paquistão e, além das apresentações em vários pontos do país, o trio completou uma estadia de três meses em uma escola musical da cidade oriental de Lahore.

"Há diferenças enormes entre a música local e a cubana, mas tocando com artistas paquistaneses vimos que há coincidências em nossos conceitos musicais. Foi muito enriquecedor", disse à Agência Efe Alberto, que toca bateria e é percursionista.

"Foi muito interessante, por exemplo, conhecer instrumentos muito mais antigos do que os que temos em Cuba", afirmou o músico pouco antes de subir no palco de uma pequena sala de Islamabad.

O público que acompanha o concerto é variado, a maioria jovens, e a reação inicial é fria pela distância musical entre os ritmos cubanos e a tradição local, embora muitos acabem acompanhando as músicas com as mãos e os pés.

"O nome da última canção eu não sei, mas eu já ouvi ela em algum filme", declarou Maryam após a apresentação, referindo-se à canção "Guantanamera", música que mais arranca aplausos e que inclusive levou duas pessoas a levantarem e dançarem em frente ao palco espontaneamente.

"O cantor parecia muito alegre e se movimentava enquanto cantava. Eu gostei muito disso", comentou uma jovem estudante que reconheceu ser fã da música latino-americana.

"No Paquistão, há poucos shows e quando são realizados, não costuma ter espaço para danças", lamentou Ahmed.

Não é raro ver jovens dançando em concertos de música tradicional paquistanesa, mas o isolamento do país se traduz na quase nula oferta de shows de música, além das poucas atuações de artistas locais.

"Algo que realmente alcançaram é abrir as portas. Depois da grande aceitação que tiveram, sonhamos agora com um grande futuro na hora de aumentar os intercâmbios culturais com o Paquistão", explicou o embaixador cubano, Jesús Zenén Buergo.

"A verdade - reconheceu - é que estava preocupado porque é a primeira vez que chegam músicos cubanos ao país asiático após 57 anos de relações diplomáticas, mas a recepção foi excelente".

Os membros da A3 compartilharam durante três meses seus conhecimentos no Colégio Nacional de Arte de Lahore, onde os músicos cubanos dizem ter tido uma experiência "muito positiva", embora não isenta de dificuldades.

"Ainda aqui há um certo atraso quanto à leitura musical e na experiência que tivemos como professores. Chocamos eles com isso de poder escrever o que toca, que é algo muito comum no mundo há muito tempo", contou Alberto.

"As pessoas são um pouco lentas na hora de trabalhar, mas com um pouco de flexibilidade de ambos os lados, no final, e a coisa fluiu", lembrou Ariel, que toca trombone e às vezes canta.

"Não pensamos muito na hora de vir, se tivéssemos feito isso, talvez não estivéssemos aqui", comentou Ava, afirmando que a experiência em conjunto foi muito "interessante e motivadora".

Quanto à adaptação ao país, Ava diz que sua ascendência árabe a aproximava de certos costumes locais, mas que mesmo assim, viu muitas diferenças "na forma de viver, de vestir e de se comunicar".

"É preciso se informar para não cometer erros sobre as coisas que não é permitido fazer", ressaltou a tecladista do trio, que acrescenta que sua condição de mulher não foi um obstáculo e que encontrou "muito respeito" apesar de haver coisas "que chamam atenção".

EFE   
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