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'The Voice': "é muito ruim ter que eliminar alguém", diz Daniel

23 nov 2012 - 16h28
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David Shalom
Direto de São Paulo

Um dos quatro jurados/técnicos do The Voice Brasil, Daniel está satisfeito com sua participação no reality show. No entanto, apesar de ter conseguido voltar a colocar seu nome em evidência após anos de marasmo, ao sertanejo não tem agradado aquela que é uma das principais funções de seu cargo no programa: eliminar, semanalmente, um dos concorrentes ao prêmio, que inclui R$ 500 mil, contrato com a gravadora Universal Music, um carro 0 km e gerenciamento de carreira.

"É muito ruim! A primeira fase já foi complicada, porque você sequer sabe quem está ali atrás, não sabe de quem se trata", disse o cantor de 44 anos em entrevista exclusiva ao Terra, realizada na véspera do show em que comemorou 30 anos de carreira, na semana retrasada, no Credicard Hall, em São Paulo. "Por trás daquela pessoa que você está eliminando tem toda uma história. E você tem que ir só pela voz para determinar se ela fica ou não. Infelizmente, temos que ter a consciência de que só um vai ganhar."

No entanto, a difícil tarefa de ter de, ao menos momentaneamente, acabar com o sonho de um aspirante ao sucesso, não elimina o gosto do cantor por conhecer novos talentos - e, quem sabe, de revelar um novo grande nome ao Brasil. "É um super projeto. Quando recebi o convite para participar fiquei muito honrado, porque são muitos os potenciais que poderiam estar em meu lugar. E, por saber da qualidade e idoneidade das pessoas ligadas ao The Voice, mais do que depressa eu aceitei", explicou o sertanejo, que divide a bancada do reality com Lulu Santos, Carlinhos Brown e Claudia Leitte. "Poder, de alguma forma, ajudar quem está ali, os outros técnicos e o público, de uma forma geral, a escolher uma nova voz ao Brasil é um grande presente."

Apesar de já ter uma boa noção de quais candidatos têm maior potencial para conquistar o cobiçado prêmio, principalmente devido à experiência com talentos após anos de estrada, Daniel afirmou que, muitas vezes, esse "feeling" pode se confundir. Isso porque mesmo um candidato de grande qualidade pode falhar em uma prova em especial, devido à falta de técnica em um estilo específico ou simplesmente por estar em um "mau dia". "Essas coisas acontecem. Já me deparei com situações ali que não imaginava. Quer dizer, o momento é tudo e é justamente o que a pessoa imprime nele que vai falar mais alto. Afinal, quem está em casa, assistindo a tudo pela TV, não vai ficar lembrando do que ficou para trás. Então, seja bom ou não, são muito difíceis essas decisões."

Pop romântico

Durante a entrevista, Daniel também comentou a respeito da atual situação da música sertaneja no País, publicamente criticada por Victor Chaves, da dupla Victor e Leo, em julho deste ano. Na ocasião, o compositor classificou como "caótico" o momento vivido pelo estilo, já que, enquanto seu rótulo está em alta, com o chamado "sertanejo universitário", a música em si estaria "no chão". O comentário fez eco a outro feito por Jorge, de Jorge e Mateus, que chamou o mercado de "podre" dias antes. Mas Daniel prefere um tom mais político para abordar o tema.

"O sertanejo universitário é um pop, uma coisa romântica com uma levada diferente daquela que a gente fazia antigamente. Mas, ao contrário do que alguns dizem, o estilo ajuda o sertanejo, ajuda todo mundo", opinou o cantor, citando como artistas desse estilo já regravaram canções suas com novas roupagens, atraindo públicos curiosos em conhecer as versões originais de suas músicas. "Sempre haverá pessoas falando um monte de coisas, criticando, mas acho que precisamos analisar a situação da seguinte forma: poxa, se está dando certo, se o pessoal gosta e se faz bem para a alma das pessoas, por que não?"

"Para mim, a música nunca envelhece, sempre está no seu auge. Basta fazer direito, com a alma, com o coração, botar sua verdade naquilo que você faz, independente de estilos", prosseguiu. "O Brasil é tão grande na sua mistura de raças, de gostos, que nos dá a possibilidade de ver vários estilos predominando concomitantemente, cada qual com suas particularidades. No meu caso, não tem como não aparecer em minhas músicas um pouco de influência de samba, forró, de country music. E, para mim, música é isso: universal e sem limites. Não concordo muito com a questão de se rotular o estilo de cada um."

Cantor sertanejo durante show realizado no último dia 9 de novembro, no Credicard Hall, em São Paulo
Cantor sertanejo durante show realizado no último dia 9 de novembro, no Credicard Hall, em São Paulo
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Fonte: Terra
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