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Maria Rita: "não teve drama estar grávida e cantar a música da mãe"

30 out 2012 - 01h58
(atualizado às 14h31)
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Rafael Machtura
Direto de São Paulo

Depois de dez anos de carreira, quatro álbuns e dois milhões de discos vendidos, Maria Rita finalmente fez o que público e imprensa sempre esperavam dela: lançar um trabalho com as canções que foram eternizadas na voz de sua mãe, Elis Regina. Chamado de Redescobrir, um CD duplo, DVD e Blu-Ray apresentam 29 músicas gravadas em um show em São Paulo, em agosto de 2012, após uma turnê que começou com cinco apresentações gratuitas em homenagem aos 30 anos da morte de Elis.

Carregado de emoções e nostalgia de uma filha que tem poucas lembranças da mãe, o trabalho, que chega às lojas em 6 de novembro, também traz mais uma forte ligação materna: Maria Rita está grávida de seu segundo filho, com o guitarrista de sua banda, Davi Moraes. Porém, por mais significativo que seja o momento, essa conexão familiar no palco é amenizada pela cantora. "Não teve esse drama de estar grávida e cantar a música da mãe", explicou. "Sou bem dramática, mas me emocionei igual a minha primeira gestação."

Mesclando momentos de animação e alegria, como em Águas de Março e Saudosa Maloca, com momentos de profunda tristeza, marcada em interpretações de Como Nossos Pais e Se Eu Quiser Falar Com Deus, Redescobrir é a missão de uma filha em manter vivo o vasto legado da mãe.

Responsável por cuidar de todo bem artístico de Elis - desde o catálogo musical até a autorização de lançamentos de coletâneas e exposições -, Maria Rita disse que relutou em seguir com a homenagem, por medo do sensacionalismo em cima do projeto. "Queria levar seu nome para o maior número de pessoas. Isso acabou virando uma missão. Sabe, os filhos cuidam dos pais quando eles ficam mais velho", disse.

A decisão de continuar com a homenagem foi tomada após o quarto show da série Viva Elis - parte por pedidos dos fãs e outra parte pela dificuldade de Maria Rita em se "desapegar" do repertório. "Disse a meu irmão (João Marcelo Bôscoli) que me apertava o coração fazer apenas cinco shows com esse reportório", contou. Mas o papel do público foi essencial, principalmente nas redes sociais. "A reação deles me arrebatou muito. Não conseguia cantar nos primeiros shows com tanta energia vinda da plateia."

A cantora também explicou o motivo da gravação do DVD não ter sido em uma das apresentações gratuitas, com forte apelo da plateia lotada. "Não estávamos pensando nisso. Eu não tinha nem gravadora e o show ainda estava muito cru para eternizá-lo", disse Maria Rita, que depois de dez anos vinculada à Warner Music, assinou com a Universal.

"Insegurança descabida"

Manter o legado de Elis Regina vivo não foi uma tarefa fácil. Ainda mais com Maria Rita receosa de lançar Redescobrir e sepultar sua própria carreira.

"Tive uma insegurança descabida que isso seria o ponto final na minha carreira. Do tipo 'pronto, conseguimos! Agora ela só vai cantar Elis'", explicou. Mas novamente o papel do irmão João Marcelo foi essencial para seguir em frente. "Ele me disse: 'você já tem 10 anos de carreira, olha sua história, olha para os seus números'."

Outro medo de Maria Rita seria a reação dos fãs em relação às mudanças de arranjos das canções, que foram poucas, segundo ela. "Sei que minha mãe é parte da vida deles, por isso me coloquei na posição do público. Poderia ser frustrante para eles, por isso tentei manter os arranjos originais."

Repertório desafiador

A semelhança no timbre vocal não facilitou o processo, na opinião de Maria Rita. Para ela, todas as músicas foram difíceis de reproduzir. "A voz da minha mãe tem mais brilho, é, digamos assim, metalizada. É uma coisa na garganta que não é fácil de fazer", explicou. "Arrastão tem um agudo danado, mas é para isso que tem ensaio", contou, rindo.

Já a seleção de músicas mais politizadas interpretadas por Elis, como Querelas do Brasil, O Bêbado e a Equilibrista, Menino e Onze Fita deus-se por considerar canções atemporais. "E não sei se são por causa da excelência da escolha dela ou se nada mudou por aqui, o que me assusta", disse. "Mas falar desses assuntos, tomar partido nunca é bem visto aqui e, para mim, isso é importante como artista. É um desafio como interprete por isso para fora, essa indignação."

Ausência já anunciada no repertório, Aos Nossos Filhos ainda é canção proibida para Maria Rita. "Mal consigo ouvi-la, imagina cantá-la. Ela é muito forte", disse claramente emocionada. "Ouvir sua mãe pedindo perdão, por uma série de coisas, por estar na escuridão, precisa de um preparo emocional, para vê-los como humanos. É muito emocionante."

Gravidez

Autodenominando-se "rata de palco", Maria Rita diz que ainda não sofreu com o fim da turnê de Redescobrir, como costuma acontecer com o fim de cada trabalho. Isso porque, a cantora está prestes a ter seu segundo filho. "Meu foco está todo voltado para a maternidade agora. Ainda não sei o que farei depois". Mesmo assim, ela contou que tem três projetos na cabeça, mas que não conta com receio de mau olhado.

Sobre a relação com o marido Davi Moraes no palco, Maria explicou que há maturidade em separar família e trabalho. "O marido fica na coxia. Ali em cima somos parceiros, como o resto da banda e quem trabalha comigo."

"Queria levar seu nome para o maior número de pessoas. Isso acabou virando uma missão", disse Maria Rita sobre 'Redescobrir'
"Queria levar seu nome para o maior número de pessoas. Isso acabou virando uma missão", disse Maria Rita sobre 'Redescobrir'
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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