Banda punk responde por invadir catedral russa; entenda o caso
Acontece nesta segunda-feira (30) o julgamento de três integrantes do grupo feminino de punk Pussy Riot, em Moscou, na Rússia. Yekaterina Samutsevich, Nadezhda Tolokonnikova e Maria Alyokhina foram presas em fevereiro deste ano, depois de cantarem uma "oração" contra o presidente Vladimir Putin em uma catedral da cidade.
As três podem ser condenadas a até sete anos de prisão. Além dos fãs, diversos outros artistas têm demonstrado apoio às meninas, como Sting, Madonna e as bandas Franz Ferdinand e Red Hot Chili Peppers, por exemplo, que defenderam o trio em discursos feitos durantes shows na capital russa na última semana.
A confusão do grupo com o presidente russo Vladimir Putin começou em setembro de 2011, quando o Pussy Riot reagiu à notícia de que Putin iria concorrer à presidência do país novamente. Pouco depois, em janeiro, a banda foi detida depois de tocar na Praça Vermelha, símbolo dos militares, a música Revolt In Russia.
O Pussy Riot é um coletivo feminino de punk rock, e suas integrantes usam roupas coloridas e máscaras, mantendo assim o anonimato. Não se sabe exatamente quantas mulheres compõem o grupo, já que grande parte delas mantêm a participação na banda sob sigilo - até mesmo de sua família.
Em fevereiro, algumas integrantes da banda realizaram um protesto em uma catedral da cidade. Elas invadiram o local com câmeras e correram para o altar - onde apenas homens podem subir - e cantaram a música Holy Shit, que critica o apoio da igreja ortodoxa a Vladimir Putin. A polícia local interrompeu o protesto e, na época, não seguiu adiante com o caso.
O vídeo foi liberado no YouTube e se tornou um viral. O sucesso chamou a atenção das autoridades e não demorou muito para sair um mandado de prisão, acusando as integrantes do grupo de "hooliganismo" (vandalismo, desordem, destruição).
O que mais chamou atenção no caso é que após serem detidas, as três integrantes do gupo foram direto para a cadeia, o que não é comum na Rússia. No país, normalmente, a prisão só acontece após o julgamento. Outro fato curioso é que um crime que não envolva violência não costuma render uma condenação de sete anos - como pode acontecer com o trio.
No dia 4 de julho, foi avisado que as mulheres do Pussy Riot tinham 5 dias para preparar sua defesa, em julgamento que estava previsto para o dia 9. Elas protestaram e disseram que o tempo seria muito curto para trabalhar no caso. Mais tarde, no dia 21, foi anunciado que a detenção das três havia sido estendida para mais seis meses.
O julgamento começou nesta segunda-feira (30), com transmissão ao vivo pela internet. Segundo informações do site Gigwise, um dos advogados da banda comentou esta exibição e disse que, apesar de querer passar a ideia de transparência, o efeito será justamente o contrário, proibindo a imprensa de estar presente fisicamente no tribunal e, em alguns momentos críticos, alegarem que "perderam o sinal".