PUBLICIDADE

Cinquentões do Bad Religion se despedem de SP em show irregular

14 out 2011 - 02h11
(atualizado às 06h59)
Compartilhar
Renato Beolchi
Direto de São Paulo

A passagem do Bad Religion por São Paulo levantou mais dúvidas que certezas. A banda se apresentou na noite desta quinta (13) para um Via Funchal longe de lotado em um show irregular de 80 minutos e muitas situações esquisitas. Anunciada como a última turnê da banda - eles pretendem gravar um disco no ano que vem e se separar - a performance do Bad Religion, um ícone do punk formado hoje por cinquentões, foi daquelas para fãs da velha guarda apagarem da memória e para os novatos não tomarem como exemplo do que foram essas três décadas de punk rock.

Bad Religion durante o show em São Paulo: setlist irregular prejudicou show dos americanos
Bad Religion durante o show em São Paulo: setlist irregular prejudicou show dos americanos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Às 22h as luzes da casa se apagaram para a entrada do sexteto, mas apenas cinco apareceram: o sexto elemento, o guitarrista Brett Gurewitz, não deu as caras na turnê brasileira. A noite começou com a plateia dando seu apoio ao grupo que retribuiu com as novas The Resist Stance, do último disco The Dissent of Man (2010) - e pretexto da visita - e Social Sucide de The Empire Strikes First (2004).

Mas foi com 21st Century (Digital Boy) gravada no distante Against The Grain (1990) que a banda conseguiu de fato empolgar. O som da casa também não jogou a favor da banda no início: guitarras abafadas e emboladas se perdiam em um bateria extremamente alta e vocais adequados.

Mas daí para a frente, foi a própria banda que se complicou. Discursando repetidamente sobre a aposentadoria, Greg Graffin liderava o grupo em um repertório irregular e confuso. A escolha das músicas não refletia a proposta da banda: uma turnê para celebrar as três décadas de punk rock do grupo. The Gray Race (1996), que reúne as famosas A Walk e Punk Rock Song, foi quase que sumariamente ignorado no show.

O bons momentos da noite ficaram de fato nos clássicos. Modern Man, por exemplo, foi cantada por um fã que levou ao show uma camiseta com o pedido para interpretar a faixa no palco. O escolhido foi William, que cantou a música - não muito afinado -, mas esbanjando presença de palco. A brincadeira já é tradicional nos shows do grupo. Ao terminar, o fã deu um mosh: o mergulho do palco para os braços da plateia.

O miolo do show contou ainda com I Want To Conquer The World, Come Join Us, Atomic Garden, Recipe For Hate e Generator.

A sequência antes do bis prometia uma recuperação no fôlego. Uma atrás da outra, tocaram No Control, Anesthesia, Along The Way e Fuck Armagedon... This Is Hell, todas gravadas há mais de 20 anos. Final enérgico e roqueiro: punk na essência.

Mas o intervalo mostrou que serviu mais para esfriar o público do que dar um gostinho de "quero mais". A parte final ficou com a famosa, mas cadenciada, American Jesus (que caberia melhor no meio do set) e a balada romântica disfarçada de rock Infected.

Sorrow - tristeza em inglês - encerrou a noite. A faixa que mostrou-se pertinente para fechar uma apresentação tão inconsistente de uma banda que passou pelo Brasil em outras seis ocasiões e promoveu shows históricos. A própria despedida da banda foi estranha: carismático de carteirinha, Graffin mal esperou os companheiros terminarem de tocar para agradecer rapidamente e sair. O guitarrista Greg Hetson fez o mesmo. Coube a Jay Bentley (baixo), Brian Baker (guitarra) e Brooks Wackerman (bateria) a cortesia de dizer obrigado ao público.

Um show muito pequeno para a banda que teve sua estreia no Brasil em um aclamado show em 1996, no Close-Up Planet, um festival esquizofrênico que aconteceu no Estádio do Ibirapuera e reuniu de Silverchair a Cypress Hill, sendo fechado pelo Sex Pistols. O Bad Religion voltou ao Brasil ainda em duas ocasiões três anos depois. As últimas apresentações aconteceram em 2001, 2004 e 2007.

Mas nesta noite de outubro de 2011, o fã William, que subiu ao palco para cantar, mostrou mais atitude que seus ídolos.

Confira o setlist completo do show:

The Resist Stance

Social Suicide

21st Century (Digital Boy)

Los Angeles Is Burning

Wrong Way Kids

Sinister Rouge

I Want To Conquer The World

Come Join Us

New Dark Ages

Atomic Garden

Before You Die

Recipe For Hate

Do What You Want

You

Modern Man

Generator

The Defense

Let Them Eat War

No Control

Anesthesia

Along the Way

Fuck Armageddon... This Is Hell

Bis:

American Jesus

Infected

Sorrow

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade