PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

"Sou o homem mais afortunado que conheço", diz David Coverdale

8 set 2011 - 09h47
(atualizado às 15h44)
Compartilhar
David Shalom
Direto de São Paulo

David Coverdale não é um sujeito comum. Prestes a completar 60 anos de idade, o líder do Whitesnake tem em seu currículo dois dos discos mais celebrados do Deep Purple - Burn e Stormbringer -, conquistou discos de ouro e platina com a maioria dos trabalhos que lançou e ainda hoje consegue arrancar suspiros de suas fãs com idades entre 15 e 60 anos. "Sou o homem mais afortunado que conheço", disse em entrevista ao Terra a algumas semanas do show que realiza neste sábado (10), na Arena Anhembi, ao lado do Judas Priest. "É espantoso para mim que eu ainda tenha a energia e que o público continue a me apoiar a fazer álbuns e turnês. O Whitesnake continua próspero e isso é incrível".

Após mais de 40 anos na estrada, Coverdale demonstrou que a experiência lhe deu uma percepção muito clara de como deve soar a sua banda, que lançou o em março deste ano o 12º álbum de estúdio, Forevermore. Prova disso é que mesmo negando se importar com o feedback dos fãs quando está compondo, tem na ponta da língua a fórmula para manter o estilo do quinteto sempre intacto. "As canções precisam incluir todos os elementos que amamos e queremos na banda: hard rock, rhythm & blues e memoráveis ganchos melódicos. Só com essas características é que se tornam verdadeiramente Whitesnake".

Com mais de duas dezenas de músicos na lista de ex-integrantes do grupo, talvez o único assunto que desagrade o cantor em relação à sua carreira seja sobre os constantes comentários ouvidos por ele de que a banda, assim como tantas outras do universo rock´n´roll, não passaria de um projeto de um homem só. "O que as pessoas dizem não significa nada para mim. Eu gosto de estar em uma banda e a prioridade de uma banda é justamente seus integrantes. Se alguém começa a pensar ser maior do que ela, então é a hora de seguir em frente. Eu não irei comprometer o Whitesnake por ninguém ou por nada. Não a vejo como uma banda de um homem só, de forma alguma. Nunca pensei dessa forma".

Autor de clássicos eternos como Here I Go Again e Is This Love, Coverdale ainda deu sua opinião sobre as recentes revelações do rock, falou sobre a possibilidade de voltar a tocar com antigos companheiros e elogiou os brasileiros, público com o qual afirmou ter um "caso de amor".

Confira a íntegra da entrevista a seguir.

Terra - Forevermore possui uma boa mistura de canções de hard rock tradicionais, mais pesadas, com baladas pop, algo comum nos discos do Whitesnake. Quando você escreve, pensa nesse aspecto para agradar tanto aos fãs da banda quanto ao público em geral?

David Coverdale - A primeira coisa, assim como Doug (Aldrich, guitarrista do quinteto) lhe diria, é que, quando escrevemos, nossa música precisa, antes de agradar aos outros, agradar a nós mesmos. Esse é o objetivo principal. Se as pessoas curtirem nossa música, então temos a sobremesa perfeita. As canções precisam incluir todos os elementos que amamos e queremos na banda: hard rock, rhythm & blues e memoráveis ganchos melódicos. Só com essas características é que se tornam verdadeiramente Whitesnake.

Terra - Por que o Whitesnake trocou tantas vezes de integrantes ao longo de sua história? Você se vê em uma banda de um homem só, como muitas pessoas costumam classificar a banda?

David - O que as pessoas dizem não significa nada para mim. Qualquer que seja a percepção que cada um tem da banda, esta é apenas deles. Eu gosto de estar em uma banda e a prioridade de uma banda é justamente seus integrantes. Se alguém começa a pensar ser maior do que a banda, então é a hora de seguir em frente. O mesmo caso vale para aquele que estiver infeliz ou que não se satisfaça mais com ela. Eu não irei comprometer o Whitesnake para ninguém ou por nada. E não, eu não a vejo como uma banda de um homem só, de forma alguma. Nunca pensei dessa forma.

Terra - Desde que o Whitesnake lançou o primeiro disco, não houve sequer um trabalho do quinteto a não entrar nas principais paradas de sucesso do mundo. Na década de 1980, no entanto, com canções mais voltadas para o hard rock tradicional, esse sucesso se expandiu como nunca e vocês receberam diversos certificados de discos de ouro e platina. Qual foi o peso dessa mudança para que o Whitesnake se tornasse um nome tão forte no rock mundial?

David - Foi uma mudança que eu senti como necessária para mim e para a identidade do Whitesnake. Eu senti que já tínhamos ido o mais distante que podíamos com os elementos mais tradicionais do hard rock blues. Queria expandir a identidade com uma pegada mais elétrica, mais empolgante. Foi nessa época que trouxe Cozy Powell e John Sykes à banda, músicos muito empolgantes e inspiradores para se trabalhar junto. Certamente, eles ajudaram a levar nossa música a uma fase mais excitante.

Terra - Após mais de 40 anos na estrada, como você vê a evolução do rock? Há alguma banda mais moderna que lhe agrade ou você prefere a forma como o estilo costumava soar quando estava no auge?

David - Eu não olho para trás e tampouco sou uma pessoa acostumada a descobrir novos estilos de música ou modinhas. Adoro escrever, cantar e apresentar minha música. É simples assim comigo. Eu faço o que gosto e o resto depende apenas de você. Se você gosta, então o trabalho se torna bem-sucedido. Claro, sou sempre agradecido pelo sucesso, que ajuda a pagar o disco seguinte ou a sair em turnê.

Terra - Já são 35 anos desde que você deixou o Deep Purple. Ainda assim, muita gente ainda vê aquele período como o melhor da carreira da banda. Qual é a sua opinião sobre isso? Você se vê voltando a tocar com eles algum dia?

David - Eu não penso sobre isso, pois estou ocupado demais me divertindo com o Whitesnake. Também não faço comparações com outras bandas. Não é interessante para mim.

Terra - Você está com quase 60 anos. Como faz para manter a voz? Mantendo este mesmo assunto de idade, como você se sentiu quando teve seu primeiro neto?

David - É espantoso para mim que eu ainda tenha a energia e que o público continue a me apoiar para fazer álbuns e turnês. O Whitesnake continua próspero e isso é incrível para mim. Que jornada fantástica essa! Eu tenho dois netos agora e os amo e adoro absolutamente. Eles estão além da beleza para mim, assim como minha mulher, meu filho e minha filha. Eu sou o homem mais afortunado que conheço.

Terra - Em 1998, Bernie Marsden e Micky Moody começaram uma banda chamada Company of Snakes. Como você encarou esse projeto? Rumores dizem que ele não teria te agradado muito...

David - Eu não tive nenhum envolvimento com esse projeto e estava ocupado demais fazendo minhas próprias coisas. O que as outras pessoas fazem é apenas do interesse delas. Eu desejo a todos os meus ex-colegas de banda o melhor em tudo. Nós só precisamos interferir quando as pessoas pensam que podem chamar suas bandas de Whitesnake. Acredite, isso nunca é agradável. Existe apenas um Whitesnake.

Terra - Em 2011, Marsden e Adrian Vandenberg se juntaram ao Whitesnake no palco para um concerto. Você pensa em trazê-los de volta à banda ou, quem sabe, fazer um show especial com antigos membros para lembrar os fãs das diferentes formações do grupo?

David - Essa foi apenas uma oportunidade de ter três gerações de guitarristas do Whitesnake no mesmo palco em frente a 50 mil pessoas. Foi uma experiência maravilhosa. Tanto Bernie quanto Arnie são amigos muito próximos a mim e a oportunidade apareceu num momento em que estávamos todos disponíveis para ela. Considero todo concerto do Whitesnake algo especial e é assim que espero que o público se sinta, mas ainda amo as lembranças daquela noite, muito emocionante por tudo o que envolveu. Não tenho certeza se algo do tipo voltará a acontecer. Foi muito especial.

Terra - Você veio várias vezes ao Brasil, incluindo para tocar no eterno Rock in Rio de 1985, frente a um público de centenas de milhares de pessoas. Como você vê o País e seus fãs?

David - Eu tenho um caso de amor com o Brasil que segue vivo até hoje. Sinto que sempre terei essa conexão forte e o Whitesnake fará de tudo para fazer dos próximos shows no País especiais e memoráveis. É isso o que fazemos. Estamos todos impacientes para chegar ao Brasil. Vocês são pessoas muito lindas.

O cantor britânico se apresenta com o Whitesnake neste sábado (10), na Arena Anhembi
O cantor britânico se apresenta com o Whitesnake neste sábado (10), na Arena Anhembi
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade