Sem convidado estrangeiro, Victor & Leo encerram Sonidos 2011
- David Shalom
- Direto de São Paulo
Caracterizado pelo intercâmbio entre artistas brasileiros e latinos, o Festival Telefônica Sonidos teve sua segunda edição encerrada na madrugada deste domingo (28), no Jockey Club de São Paulo, com um show sem participação de músicos estrangeiros. Ao contrário do que era previsto, a dupla sertaneja Victor & Leo não recebeu no Palco Pop Urban a presença da banda mexicana Camila, responsável por abrir a noite no mesmo espaço.
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O motivo, segundo a produção do evento, foi o fato de o trio não ter tido oportunidade de ensaiar com os sertanejos devido ao mal-estar de um de seus integrantes na véspera da apresentação. A ausência, no entanto, não aparentou ter sido sentida pelo público, que não chegou a ser avisado da novidade.
Em 1h10 de show, a dupla apresentou seus principais sucessos radiofônicos, como Fada, Estrela Cadente e Água de Oceano. Para não descaracterizar totalmente o principal propósito do evento, cumprido por todas as demais atrações, os sertanejos cantaram duas canções em espanhol, tiradas de seu disco gravado em 2008 unicamente na língua mais falada da América Latina.
"É uma oportunidade muito especial estar num festival que une culturas. Um privilégio" disse Victor, ótimo violonista, após ter sido anunciado pela primeira vez por Léo, principal vocalista da dupla.
Acompanhadas por uma banda composta por baixo, percussão, bateria e violão, os dois se apresentaram diante de um público um pouco inferior ao que assitiu ao show do Jota Quest - inicialmente previsto para fechar a noite. Ainda assim, foi com a dupla que o público mais se soltou entre todos os quatro dias de evento, além de pulando e dançando, cantando com vontade praticamente todo o set-list.
De fato, a recepção fez a dupla investir no artifício de silenciar os instrumentos em alguns momentos do show para deixar os refrões serem entoados apenas pelos fãs. "Obrigado a vocês pela participação nesse Telefônica Sonidos, um super festival, universalisando a música cada vez mais", bradou Léo antes da execução da última canção de todo o evento, Borboletas , encerrada com um abraço dele em Victor.
Jota Quest
Perto da 1h, o Jota Quest subiu ao Palco Pop Urban com É Preciso (A Próxima Parada), do disco mais recente da banda, Quinze. Durante quarenta minutos, o quinteto - formado por Rogério Flausino (vocal), Marco Túlio (guitarra), PJ (baixo), Paulinho Fonseca (bateria) e Márcio Buzelin (teclado) -, trouxe ao público alguns de seus principais hits, como Ela me faz tão Bem, Encontrar Alguém e Sempre Assim, antes da qual o líder dos mineiros fez um discurso raivoso - e um tanto populista - contra o fato de o show não poder ultrapassar o limite de 1h de duração.
"Eu não gosto de segurar bronca sozinho. A parada é a seguinte: a rapaziada do Jockey está dizendo que a gente tem que terminar tudo aqui até às 2h. E eu estou puto com isso!".
À 1h40, Flausino iniciou o discurso de apresentação para os convidados estrangeiros do set. "A ideia do festival é a mistura entre latinos e vocês não têm ideia da importância dessa experiência. Ao longo da semana, esse lugar recebeu um monte de encontros bacanas e agora a gente vai ter a oportunidade de fazer parte disso. Vamos chamar Illya Kuryaki & The Valderramas, uma dupla muito conhecida na Argentina", disse. "Quando nos perguntaram com quem queríamos dividir o palco, escolhemos eles na hora".
Formada pelos vocalistas Dante Spinetta e Emmanuel Horvilleur, a dupla entrou para executar cinco músicas, quatro de sua autoria e uma do Jota Quest. "Boa noite São Paulo. Vamos dançar. Vamos mover a bunda", pediu Horvilleur antes de Mover el Coolo, precedida por uma explicação de Flausino para a tradução feita pelo argentino anteriormente.
O show foi encerrado com uma versão em espanhol de Na Moral, gravada pelos mineiros para o disco Dias Mejores, o primeiro em língua estrangeira lançado por eles, seguindo o caminho já traçado pelos Paralamas do Sucesso, banda de imenso sucesso em toda América Latina, não apenas no Brasil.
Camila
Apresentando-se diante de um público ainda pequeno - que foi crescendo à medida que as horas iam se passando -, a banda mexicana Camila abriu a noite no Palco Pop Urban, o principal do festival, à 0h35. Com seu pop romântico, o trio - formado pelo vocalista Samuel Parra, pelo tecladista Mario Domm e pelo guitarrista Pablo Hurtado - fez um show coeso, agradando uma boa quantidade de adolescentes histéricas, que cantaram em coro boa parte do repertório de cerca de 1h de duração.
Com um interessante telão de LED horizontal como cenário, o conjunto foi acompanhada por dois violinos, violoncelo, baixo e bateria, instrumentos executados pela banda de apoio, concentrada inteiramente sobre o mesmo pedestal.
"Boa noite, São Paulo. Somos Camila", apresentou-se Mario Domm, líder do grupo e também vocalista em algumas canções. "Viemos do México e é a nossa primeira vez neste país tão maravilhoso".
Após apresentar Entre tus Alas, o trio recebeu no palco Wanessa para cantar o hit da cantora Me Abrace, gravado com os mexicanos em 2007. A participação da filha do sertanejo Zezé Di Camargo não fora anunciada oficialmente, mas ela já havia confirmado dias antes no Twitter a sua presença. Muito bem recebida, ela foi acompanhada pelas jovens fãs nos versos e refrão da música e saiu de cena sob gritos de seu nome.
"São Paulo, isso é maravilhoso. Foi um prazer estar aqui. Vocês moram no meu coração", derreteu-se Samuel Parra antes de Coleccionista de Canciones, terceira balada consecutiva e última canção do show, encerrada com chuva de papel picado e mensagens de agradecimento aos fãs mostradas no telão do palco.
Palco Jazz Latino
Apesar do notório esforço para conquistar a participação do público que o acompanhou no palco secundário do Telefônica Sonidos, responsável por abrir a última noite do festival, o tenor espanhol Pitingo falhou nesse quesito. Não que tenha desagradado os presentes com sua música flamenca e seu soul pop, pelo contrário. A barreira foi outra: enquanto batia a palma das mãos com intrincados ritmos do tradicional estilo dos violões e castanholas, chamando os paulistanos para acompanhá-lo, o cantor não conseguia uma uniformidade generalizada de batidas que deixasse de comprometer a apresentação. E, rapidamente, o público percebeu essa dificuldade e desistiu de fazê-lo, concentrando-se apenas no cantor.
A partir da quarta música, Ole y Amen, o show ganhou em animação com a entrada de novos músicos no palco - backing vocals, baixo, bateria e teclado -, que se juntaram aos até então solitários violonista e percussionista.
Vestido com um engomado terno preto e um cachecol de seda com bolinhas brancas, Pitingo demonstrou não ter apenas talento vocal. Sua habilidade artística também foi um destaque. Com total domínio do palco, ele dançou, pulou, ajudou a dar mais vida à percussão com o estalar dos dedos e batidas de mãos. Como retorno, recebeu enorme carinho dos presentes.
"Está friozinho. Vamos ver se vocês me entendem, pois eu não falo português e, brasileiro, menos ainda", brincou, contando um pouco sobre o início de sua carreira na música gospel e no flamenco. "Quero ouvir um forte aplauso para Marina de La Riva", anunciou na sequência para a entrada da lindíssima cantora, que logo sentou-se ao lado de Pitingo com seu longo vestido vermelho típico do flamenco para entoar Dime e Nosotros.
"Para mim, é um privilégio estar aqui", disse ela, claramente emocionada, antes da execução de sua última canção com o ídolo, aquela que o alçou ao sucesso tanto na Espanha quanto mundialmente, Killing Me Softly with His Song, composta por Charles Fox e Norman Ginbel na década de 1970. Foi a primeira vez em toda a apresentação que o público levantou de seus assentos para dançar, fazendo a carioca deixar o palco sob muitos aplausos.
Antes de anunciar a última canção do show, Let it Be, dos Beatles - a segunda do quarteto inglês na noite -, Pitinga recebeu o carinho do público ao confirmá-la como a "saideira" do set-list - quando ouviu o tradicional lamento "ahhh". "Não e por mim. Eu ficaria a noite inteira com vocês se pudesse", disse.
O sucesso de John Lennon foi ainda emendado com um trecho de Every Breath You Take em espanhol. Mais uma vez, os presentes, cada vez em maior número no pequeno espaço das arquibancadas do Jockey, se levantaram para curtir com o talentoso artista, que, após 1h20 em cena, ainda retornou ovacionado, e terminou o show sem caixas de som ligadas, apenas para exibir a potência de sua voz.
Se não foi a melhor apresentação entre as quatro ocorridas no Palco Jazz Latino, sem dúvida, foi a que mais empolgou o público. Olé.
Set-lists:
Pitingo
Malagueña
Compromiso
Bulerias
Ole & amen
Dime
Nosotros
Killing me Softly
Coro gospel
Cu cu rru cu Paloma
I just Called to Say I Love You
Let it be
New york
Camila
Mientes
Dejarte de amar
Todo cambió
Entre tus alas
Abrazame
Besame
De que me sirve la vida
You got my love
Yo quiero
De mi
Alejate de mi
Solo para ti
Coleccionista
Jota Quest
É preciso
Encontrar alguém
Do seu lado
Dias melhores
Mais uma vez
Já foi
Tão bem
Sempre assim
Macacada
Só hoje
Jugo
Jennifer
Coolo
Abarajame
Na moral
Victor e Leo
Boa Sorte pra Você
Estrela Cadente
Agua de Oceano
Cuidado do Fogo
Não vá pra Califórnia
Lá em Casa
Sem Trânsito Sem Avião
Rios de amor
Deus e eu no sertão
Quando é amor
Tem que ser você
Não precisa
Medley: Telefone Mudo - 60 Dias - Fazenda São Francisco - Cavalo Enxuto
Pagode em Brasília
O Granfino e o Caipira
Anunciação
Timidez
Não Mais
Nada Normal
Meu eu em Você
Ela não vai mais Chorar
Lembranças de Amor
Tanta Solidão
Fotos
Você Sabia
Ao Vivo e em Cores
Nascemos para Cantar
Sinto Falta de Você
Fada
Amigo Apaixonado
Borboletas