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Entrevista: Peter Hook diz que há bandas demais como Joy Division

15 jun 2011 - 10h48
(atualizado às 10h59)
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Osmar Portilho

Enquanto via o projeto que ajudou a fundar - um grupo surgido no meio da cinza e operária Manchester - crescer e se tornar referência local, este baixista recebeu a notícia que não queria dias antes de uma turnê nos Estados Unidos: seu vocalista, letrista e mola mestra da banda havia se suicidado. Embora aquele trágico 18 de maio de 1980 traga de imediato tantas lembranças ruins, esse mesmo baixista, hoje com 55 anos, não se incomoda em revirar todos esses sentimentos presentes que marcaram não só sua vida, mas a música em geral. Nesta quinta-feira (16) e sexta-feira (17), Peter Hook volta ao Brasil para tocar na íntegra o disco Unknown Pleasures (1979), álbum de estreia do Joy Division, um dos grupos mais reverenciados dos anos 80, que teve sua carreira interrompida com a morte do vocalista Ian Curtis, aos 23 anos.

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Em entrevista ao Terra, o britânico falou que "sabe bem o que esperar" do público brasileiro", já que veio algumas vezes ao País como DJ, e explicou como é estar novamente em contato com todas as sensações que o Joy Division lhe desperta. "É algo maravilhoso. Eu também fiz um show tocando Closer. Mesmo sendo um álbum melancólico nas letras e na música em si, foi uma coisa linda", disse.

Dono das marcantes linhas de baixo de canções como She's Lost Control, Shadowplay e Love Will Tear Us Apart, Peter Hook também falou sobre a onda de grupos que reverenciam o Joy Division, citando Editors e White Lies. "Infelizmente há bandas demais que soam como o Joy Division. Entendo tudo como um elogio, senão você acaba ficando louco", contou.

Confira a entrevista completa:

Terra - O que espera dessa nova passagem pelo Brasil?

Peter Hook - Já toquei muitas vezes no Brasil e sempre tive uma recepção muito calorosa. A música de Manchester é bem conhecida aí. Como DJ já senti isso aí e agora sei o que esperar: algo caloroso e muito entusiasmado.

Como decidiu colocar esse projeto em movimento?
Hook - Pediram que eu organizasse um tributo para lembrar a morte de Ian Curtis. Fiquei muito empolgado na época, mas o aconteceu que nada deu certo e eu fiquei muito decepcionado.Decidi que eu mesmo faria tudo isso no meu clube em Manchester. Li uma entrevista do Bobby Gillespie do Primal Scream falando sobre o Screamadelica e da turnê que estão fazendo com o álbum porque elas ainda são muito atuais e eu pensei: Uau, é a mesma coisa que o Unknown Pleasures.

De imediato você pensou em uma grande turnê?

Admito que quando toquei em Manchester achei que seriam só duas vezes e agora é uma turnê em todo o mundo. É um ótimo concerto e um sentimento muito bom. Um tributo às composições dos quatro membros do Joy Division.

Para você, como é revirar todos esses sentimentos em torno do Joy Division?
Hook - É algo maravilhoso. Eu também fiz um show tocando Closer. Mesmo sendo um álbum melancólico nas letras e na música em si, foi uma coisa linda. Infelizmente não tocaremos desta vez em São Paulo, mas espero que volte em breve com esse show.

Qual é a importância do Unknown Pleasures para o Joy Division e para a música?
Hook - O que acontece é que o álbum, na minha opinião, reflete o verdadeiro Joy Division. Muito mais roqueiro ao vivo. (O produtor) Martin Hannett fez algo maravilhoso. Hoje, trinta anos depois, vejo que ele fez uma produção para que a música durasse até hoje. O vinil soa bem até hoje. Elas se mantém totalmente atuais, frescas e totalmente fiéis ao som do Joy Division.

Hoje é normal ouvir que "tal banda" lembra Joy Division. Você também sente que há muitas bandas se inspirando no grupo?

Hook - Infelizmente há bandas demais que soam como o Joy Division (risos). Eu encaro isso como um elogio. VOcê tem que levar isso como um elogio. Tudo funciona assim. Vendo bandas como White Lies e Editors, são muitas que parecem com Joy Division. Da mesma forma que grupos mais recentes parecem com New Order. Entendo tudo como um elogio, senão você acaba ficando louco.

O Joy Division tem uma influência grande para uma carreira tão curta. Como explica isso?
Hook - Como músicos fizemos grandes músicas, mas infelizmente tiveram um final trágico. Algo muito mitológico para o rock, como Jimi Hendrix. Muitos fatores contribuíram, mas o principal é que estávamos no lugar certo e na hora certa.

Caso Ian não tivesse morrido, o Joy Division teria continuado? Como?
Hook - Acho que sim. Era pra onde a música estava indo na época. Creio que o Joy Division caminharia para algo com o New Order fez. Todos estávamos em contato com música eletrônica e seria uma progressão natural.

Você sempre está em contato com música nova e música eletrônica. Ainda dedica tempo para vasculhar novas bandas ou ouve o que gosta e ponto?
Hook - A parte legal em envelhecer é isso. Tenho ouvido cada vez mais coisas velhas. Esses dias estava ouvindo Diana Ross. Começo a olhar as coisas para o passado. Quando subo ao palco como DJ, aposto em coisas novas, claro, mas para ouvir, prefiro olhar para trás.

Serviço - Peter Hook

Quando: Dias 16 e 17 de junho (abertura da casa às 21h)
Onde: Estúdio Emme - rua Pedroso de Moraes, 1036 - Pinheiros - São Paulo
Informações: (11) 2626-5835 ou www.compreingressos.com
Censura: 18 anos

Preços: 1º lote (R$80,00), 2º lote (R$100,00) e 3º lote (R$150,00)

Peter Hook está em turnê mundial com o álbum do Joy Division
Peter Hook está em turnê mundial com o álbum do Joy Division
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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