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Tommy Lee: "não me permito mais fazer o que fazíamos antigamente"

12 abr 2011 - 15h02
(atualizado às 22h50)
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David Shalom
Direto de São Paulo

Trinta anos se passaram desde que o Mötley Crüe lançou seu disco de estreia, Too Fast for Love, e, finalmente, a banda norte-americana, um dos principais nomes do hard rock mundial, chega ao Brasil, onde faz única apresentação no dia 17 de maio, em São Paulo.

Formada por Vince Neil (vocal), Nikki Sixx (baixo), Mick Mars (guitarra) e Tommy Lee (baixo), o grupo, que já vendeu mais de 80 milhões de cópias, ficou tão famoso por sua música quanto pelas polêmicas envolvendo seus membros. O vocalista, por exemplo, foi parar na cadeia em 1984 após se envolver num acidente cuja consequência foi a morte de seu passageiro, Nicholas Dingley, então baterista do Hanoi Rocks. O baixista e fundador tem vasto histórico de abuso de heroína, droga que o levou à overdose em 1987, história contada por ele no livro Heroína e Rock´n´Roll: o diário de um ano devastador na vida de uma estrela do rock, lançado em 2007.

E quanto a Tommy Lee? Ex-marido da eterna salva-vidas da série SOS Malibu Pamela Anderson, com quem tem dois filhos, o instrumentista nascido na Grécia também é dono de um passado conturbado, que vai do vazamento de um vídeo de sexo com a ex-mulher à prisão após literalmente tê-la chutado durante uma das muitas brigas protagonizadas pelo casal.

Por telefone, direto de sua mansão em Los Angeles, Califórnia, Tommy, 48, falou com exclusividade ao Terra , abordando temas como a turnê atual de sua banda - Mötley on Tour 2011 -, a expectativa de vir ao Brasil, seus circenses solos de bateria e, naturalmente, sua personalidade festeira de rock star.

Confira o que o baterista do Mötley tem a dizer abaixo:

Por que o Mötley Crue demorou 30 anos para vir ao Brasil?

Oh, Deus! Se você souber, me avisa?

Qual a expectativa para o show no País?

Sabe, eu tenho tantos amigos de outras bandas que foram tocar aí e todos me disseram o quão fantástico que é, que os fãs são muito apaixonados. Porra, estou muito empolgado para finalmente tocar no Brasil e ver como é. Deus, eu estou tão excitado para chegar e eu sei que o resto dos caras (da banda) também estão.

E o que os fãs podem esperar ouvir? Muitos clássicos, muito material do último disco da banda, Saints of Los Angeles?

É isso, cara. Podem esperar por todas elas. Todas!

Você fala abertamente que tem o New York Dolls como uma de suas grandes referências musicais. O que espera da excursão do Mötley com eles e o Poison neste verão?

Isso vai ser demais! É sempre divertido fazer turnês no verão e estamos especialmente empolgados com esta. Sabe, nós crescemos inspirados pelo New York Dolls, então, para nós, é algo legal contar para alguém o que estamos fazendo hoje. É tão estranho, sabe? Eu tinha 17 anos quando comecei no Mötley Crüe e, quando você está crescendo, você tem as pessoas que te influenciam, bandas e artistas. Aí, chega hoje, e as pessoas em quem você tanto se inspirou e com as quais cresceu junto estão fazendo concertos com você e abrindo shows para você. Independente do cenário da situação, dividir o palco com esses caras é tipo "oh, meu Deus!": do Cheap Trick ao AC/DC, do Van Halen ao Ozzy Osbourne, entre outros tantos. E o New York Dolls é provavelmente uma das únicas bandas que nos influenciaram e com quem não tocamos ainda. Então, estou muito ansioso para isso! Os caras do Poison também serão muito legais e os fãs terão um verão incrível. Será ferrado!

Você costumava fazer solos de bateria sobre um pedestal que subia alto, girava e ficava de ponta cabeça. De onde você tirou essa ideia?

Isso era muito louco, porque baterias foram feitas para ser tocadas do chão (risos). Eu não sei, sabe, foi uma dessas coisas... realmente começou há muito tempo, quando eu ia a concertos o tempo inteiro e o baterista ia fazer seu solo, eu olhava à minha volta e as pessoas iam comprar uma cerveja, comprar uma camiseta ou ir ao banheiro. Eu via aquilo e dizia "porra! O baterista está lá no palco quebrando tudo e ninguém está prestando atenção!". Então, eu comecei a pensar que alguém precisava fazer algo muito louco na bateria para ninguém sair do local e para as pessoas começarem realmente a prestar atenção. E foi aí que eu comecei a pensar: como fazer o solo de bateria para ninguém se retirar, para todos poderem ficar "oh, meu Deus, eu não acredito no que acabo de ver!"? Eu fui inspirado pelos tediosos solos de bateria a inventar algo que fosse como: "cacete, cara, você viu o que o Tommy acabou de fazer?".

E qual era a sensação de solar em uma posição tão desconfortável?

Bem, é muito louco, sabe? Não é fácil tocar bateria de ponta cabeça. Tudo muda: toda a dinâmica, toda a gravidade, sabe? Quando você toca bateria, as baquetas são batidas para baixo, mas quando você toca de ponta cabeça, elas também te puxam para baixo, mas você não quer ir para essa direção, você quer bater para cima. Então, realmente, é duas vezes mais difícil, se é que isso faz algum sentido. É muito mais físico, porque não é desse jeito que fomos feitos para tocar.

É uma luta constante contra a gravidade...

É, você está lutando contra tudo. Nada foi criado para ser feito desse jeito, então é uma batalha. Mas, porra, vale a pena! Sabe, as pessoas perdem a cabeça quando veem o solo desse jeito.

Alguma chance de vermos esse solo no Brasil?

Eu não sei, porque estaremos começando a montar o show só na próxima semana. Então, se eu falasse com você daqui uma semana, eu teria uma ideia melhor, mas estamos definindo como será só agora, então não tenho ideia.

E a respeito do filme The Dirt, que narra a carreira do Mötley Crüe na estrada? Alguma novidade?

Não tenho. Nós estamos trabalhando nele agora, então eu espero ter notícias em breve.

O Lemmy, do Motorhead, disse recentemente que, dentro de dez anos, as grandes gravadoras terminarão. Qual a sua opinião sobre o futuro da indústria fonográfica? O que você acha do modelo atual de distribuição de músicas pela web e de os internautas as baixarem de graça?

Oh meu Deus, cara, eu não sei. Nós poderíamos falar sobre isso durante uma semana. Eu acho que é uma dessas coisas que são tão empolgantes, a música é tão acessível e compartilhável, e isso tudo é ótimo. Mas, ao mesmo tempo, existem muitas coisas erradas sobre isso também. Sabe, essa é a nossa arte, é o nosso trabalho. É assim que alimentamos nossos filhos, que cuidamos de nossa família, sabe? É parte do nosso mundo, uma grande parte, afinal é o que fazemos. Deus! É realmente uma posição estranha para se estar, porque há tantas coisas ótimas sobre a tecnologia de hoje e a forma como a música está voando por todos os lados, mas há partes ruins sobre isso. Eu não sei. Talvez chegue a um ponto em que nós descobriremos como lidar com isso de uma forma que funcione para todo mundo, para que todos possam aproveitar e as pessoas que façam a música possam ser compensadas sem sentir que estão sendo roubadas. É uma grande discussão e não vai ser fácil, mas talvez um dia se chegue a uma boa solução para todos.

Os integrantes do Mötley têm um vasto histórico de abuso de álcool e drogas. Como você lida com essas substâncias em turnê atualmente?

Bem, sabe, eu ainda adoro fazer turnês, adoro festejar e adoro me encontrar com pessoas, me divertir, essas coisas. Eu não falo muito sobre minha posição em relação a isso, mas entenda dessa forma: eu estou um pouco mais velho e um pouco mais esperto. E é isso. Mas, definitivamente, eu não me permito fazer hoje as coisas super loucas que fazíamos antigamente.

Beterista durante show com formação clássica do Mötley Crüe
Beterista durante show com formação clássica do Mötley Crüe
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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