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Melanie Martinez traz sua ‘casa de bonecas’ para São Paulo

Com melodias sombrias, mas muita simpatia, ex-participante do The Voice EUA cativou público teen

28 nov 2015 - 17h03
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A Cry Baby Tour chegou ao Brasil e a cantora americana Melanie Martinez se apresentou nesta sexta-feira (27) em São Paulo, levando seus babies, como os fãs são conhecidos, à loucura (quase que literalmente). Teve gritaria, choradeira, gente passando mal, mas também lágrimas de alegria com uma trilha sonora lúdica, mas com letras deprimidas que narram a trajetória de Cry Baby, personagem do primeiro trabalho da cantora, um ambicioso álbum conceito de mesmo nome.

Com apenas 16 anos, Melanie Martinez fez sucesso no The Voice norte-americano em 2012
Com apenas 16 anos, Melanie Martinez fez sucesso no The Voice norte-americano em 2012
Foto: Reprodução YouTube

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Talvez o rosto de Melanie seja familiar para você. Em 2012 e com apenas 16 anos, ela ficou em sexto lugar no The Voice Estados Unidos. Mas agora, aos 20, a garota mostra que deixou a vida de covers para trás ao pisar confiante no palco do Carioca Club, na zona oeste paulistana, e conseguir dominar o show de forma natural.

Com a casa lotada – e bastante abafada – barulhos sombrios de chaves e choros de bebê invadiram o espaço às 19h32, um claro sinal que a partir de então os fãs entravam no mundo de Cry Baby. A banda apareceu fantasiada de ursinho de pelúcia e abriu espaço para Melanie, que incendiou o local enrolada em uma bandeira do Brasil e com um conjuntinho vermelho, iniciando a noite com a música Cry Baby.

A voz rouca da garota foi, por muitas vezes, abafada pelo forte coro do público, que se empurrou bastante durante a primeira canção. Era engraçado perceber como Melanie parecia estar à vontade em um palco brasileiro, seu segundo, já que na quarta (26) ela havia se apresentado no Rio de Janeiro, e ao mesmo tempo passava a sensação de fragilidade por remeter fortemente à figura de uma criança, tanto por sua estrutura pequena, quanto pela fantasia que vestia, uma alusão a roupas usadas por bebês.

Melanie admitiu não saber praticamente nada de português, exceto uma frase: eu amo vocês. Se ela já tinha cativado os fãs com as letras melancólicas, depois disso conquistou até os pais e as mães que acompanhavam os filhos nessa árdua “prova se sobrevivência” que são os shows. A cantora esbanjou simpatia durante toda a apresentação e, diferentemente de alguns artistas, ela realmente pegava os presentes jogados pelos fãs no palco, não os arremessava de volta.

O primeiro hit da cantora, Dollhouse, foi o próximo da setlist e a plateia cantou com força o refrão chiclete “D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees”. A música foi seguida dos sucessos Sippy Cup e Carousel, que teve direito até a um twerk.

Em seguida foi a vez de Alphabet Boy, Soap e Training Wheels, “uma canção de amor”, como disse a artista. Enquanto boa parte dos fãs cantava do fundo dos pulmões, a balada romântica serviu de trilha sonora para um casal que se situava no fundo da casa. Longe do aperto da grade, um namorado se declarava para o outro e os dois foram bastante aplaudidos por amigos e por aqueles que os rodeavam.

A plateia gritava entre uma música e outra “eu te amo” e a cantora retribuiu com um “eu amo vocês também”. Sempre agradecendo a presença de todos, Melanie não só agradou por fazer um bom show e manter a afinação, mas por mostrar que realmente estava curtindo a apresentação junto com os fãs.

Fazendo sua parte, os babies não deixaram a desejar no visual. Algumas meninas foram com saias e vestidos rodados, como Melanie costuma usar em seus clipes, mas o que prevalecia eram os acessórios de cabelo, como coroas de flores, tiaras com orelhas de gatinhos e, o mais apropriado acessório de todos, chapéus de festa.

O detalhe chamou a atenção da cantora enquanto ela se preparava para começar Pity Party, um dos pontos altos do show. A música, cujo refrão é um sample de It's My Party, de Leslie Gore, relata uma festa fracassada de Cry Baby em que ninguém aparece. Dava para ver que Melanie ficou impressionada com o engajamento da plateia.

Em seguida, a cantora introduziu Tag, You’re It como a música em que Cry Baby é “sequestrada pelo lobo mau”. A canção é o relato sombrio de um abuso sexual.

Os temas fortes e pesados abordados por Melanie no álbum são um contraponto com a audiência majoritariamente jovem que compareceu em peso ao show em São Paulo, que nem ao menos tinha idade para ir à apresentação sozinha. Da mesma forma agem as músicas, que brincam o tempo todo com o mundo infantil e os fantasmas da vida adulta, traduzidos por meio de batidas sensuais que bebem da fonte do hip hop misturadas com sons de brinquedos.

Em Milk and Cookies foi a vez de Cry Baby se vingar e matar seu agressor. Apesar da temática pesada, a plateia transmitia uma certa leveza e alegria própria do público jovem. Nada de hipsters que não dançam ou preferem ficar no Snapchat durante a apresentação.

Melanie também cantou Pacify Her e Mrs. Potato Head, agradecendo entre uma canção e outra pelo carinho dos fãs.

A casa estava tão cheia que era possível ver pessoas sentadas em uma parte do balcão do bar e em cima de cadeiras, até colocando a própria segurança em risco para conseguir assistir ao show.

A cantora se “despediu” após Mad Hatter, levando consigo a bandeira do Brasil. A música parecia um hino em que todas aquelas pessoas que se identificam com a cantora por sua singularidade conseguiam se “encaixar”. Melanie já relatou em entrevistas que seus colegas de classe costumavam rir e zombar dos vídeos que ela postava no YouTube. Portanto, é em uma canção que exalta personalidades tidas como “loucas” e é onde ganha a empatia de muitos dos fãs.

Melanie encerrou a noite com Cake, Teddy Bear e a sensação de quero mais. Quando a banda se retirou e os fãs começaram a se direcionar para a saída, era possível ver no chão os chapeuzinhos de parabéns e aquela bagunça típica de final de festa. Talvez uma comemoração mais do que merecida para Cry Baby. 

Fonte: Terra
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