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Maria Rita chora em estreia de 'Viva Elis' para 60 mil no RS

24 mar 2012 - 22h24
(atualizado em 25/3/2012 às 10h25)
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Laila Garroni
Direto de Porto Alegre

Foi junto com o cair do sol que a cantora Maria Rita entrou no palco do Anfiteatro Pôr-do-sol, em Porto Alegre, para apresentar ao grande público, pela primeira vez, o show em homenagem a sua mãe, Elis Regina. Toda de branco e com os olhos cheios d'água, a cantora cumprimentou, de braços abertos, as cerca de 60 mil pessoas, que a aguardavam (segundo estimativa da Empresa Pública de Transporte e Circulação).

Entre as duas primeiras músicas Imagem e Arrastão, enquanto a banda - composta por Davi Moraes, na guitarra, Thiago Costa no piano e teclados, Silvinho Mazuca no contrabaixo e Cuca Teixeira na bateria - tocava um instrumental, uma gravação com frases ditas por Elis traziam à memória aquela que marcou história na música popular do País.

Longe do microfone, Maria Rita escutou as palavras da mãe olhando em um ponto fixo do chão. A postura, recuada junto à banda, parecia um gesto de concessão, como se ela tivesse, naquele momento, aberto o palco para a presença de Elis.

Antes de iniciar o bloco de músicas nem tão populares - Vida de Bailarina e Bolero de Satã, Maria Rita iniciou uma das mais consagradas na voz da mãe. Como Nossos Pais emocionou uma plateia que não se conseguia definir em uma faixa etária.

Maria Rita cumprimentou o público falando da importância de fazer o espetáculo na cidade que chamou de "terra de minha mãe" e avisou: "não vou controlar. As emoções que pintarem vão pintar".

A já leve Águas de Março ganhou um toque a mais de doçura pela tantas bolhas de sabão que tomaram conta da plateia já nos primeiros versos. Além de uma máquina que produzia o efeito, o próprio público pode fazer suas bolinhas com um kit que foi distribuído no início do show.

Se nas primeiras músicas o público viu uma Maria Rita um pouco mais retraída, nas seguintes - Saudosa Maloca, Agora Tá, Ladeira da Preguiça e Vou Deitar e Rolar - o suingue apareceu e o palco ganhou uma cantora dançante e brincalhona.

O show também contemplou a veia política e social de Elis. Maria Rita lembrou o engajamento da mãe em prol dos direitos humanos e pela liberdade de expressão com as músicas O Bêbado e o Equilibrista, Menino, e Onze Fitas.

Para anunciar as composições de Milton Nascimento eternizadas na voz de Elis - Morro Velho, O que foi feito e Maria Maria, Maria Rita lembrou a amizade dos dois e de como a mãe dizia que, se Deus tivesse uma voz, seria igual a de Milton.

Na volta do bis, quando se esperava em sequência Fascinação e Madalena, como aconteceu no show fechado no Rio de Janeiro, entre uma e outra, veio a emocionante Romaria, momento em que, de novo, se podia ver lágrimas nos olhos de Maria Rita.

Com um início de carreira marcado pela luta em ser notada única e exclusivamente por seu próprio trabalho, rejeitando qualquer decisão que acabasse em comparações com mãe, na noite de hoje, Maria Rita pareceu encontrar o sentido de tudo isso. Tão parecida quanto diferente da mãe, a cantora fez sobressair não as possíveis semelhanças de gestos e tons de voz, mas sim a beleza da obra deixada por uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu. Com Redescobrir, terminou o show, liberta, "como se fora brincadeira de roda".

Após tentar se afastar da imagem da mãe, a cantora decidiu prestar a homenagem
Após tentar se afastar da imagem da mãe, a cantora decidiu prestar a homenagem
Foto: Fábio Mattos / Terra
Fonte: Terra
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