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Marcelo Camelo fala sobre Banda do Mar: "leve, mais fácil"

Projeto do vocalista do Los Hermanos conta com Mallu Magalhães e baterista português

11 set 2014 - 13h26
(atualizado em 16/9/2014 às 19h56)
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Menos samba, mais rock. Menos dedilhados complexos, mais acordes maiores abertos. Menos nuvens, mais sol. Esse é mais ou menos o clima do disco de estreia da Banda do Mar, projeto liderado por Marcelo Camelo ao lado de sua namorada, Mallu Magalhães, e do baterista português Fred Ferreira. O disco de estreia do trio está mais próximo inclusive de sucessos da banda Los Hermanos do que dos trabalhos solo de Camelo - Sou (2008) e Toque Dela (2011). Em conversa por telefone com o Terra, ele falou sobre este novo momento.

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"O que eu sinto é que a ideia de banda promove uma lente diferente para você escolher seus passos. A presença do interlocutor, pra quem você está fazendo aquilo, deixa de ser uma coisa imaginativa e passa a ser uma pessoa mesmo. Faço para o Fred e a Mallu gostarem. Algo para ser celebrado e a gente curtir o que está tocando. No trabalho solo são seus interlocutores internos. Por mais que você escute opiniões, você acaba carregando sua multiplicidade para as escolhas. Você tenta ser o seu maior entusiasta e seu maior antagonista ao mesmo tempo", explicou o músico.

Os novos ares não vieram somente no campo musical. A parceria com o português Fred se deu após a mudança de Marcelo e Mallu para Portugal. Camelo tenta explicar a influência geográfica na sua sonoridade e justifica a escolha do país como uma busca para viver em uma cidade de "proporções e dimensões mais humanas".

"Existem coisas que são anteriores à nossa capacidade de escolha. Uma das coisas que faz isso é a geografia. A incidência do sol, a latitude, a temperatura, a pressão atmosférica, a quantidade de partículas no ar, o vento de onde bate, o idioma, o sotaque, as curvas arquitetônicas. Todas essas entidades são primos e irmãos dessa condição latitudinal que é uma cidade", disse. "Quando se faz uma banda, essas coisas de direção de grau, direção, ângulo, elas estão presentes em cada pequena decisão e mudam seu lugar de destino. É que nem navegação. Você muda um grau na sua navegação e tu para em outro lugar. É uma mudança que atua constantemente na sua geração e seu gesto", completou.

Em comparação com seus álbuns solo e com o denso 4 (2005), último disco dos Los Hermanos, o CD de estreia da Banda do Mar mostra uma leveza inesperada. Mais Ninguém, canção que ganhou o primeiro clipe, mostra uma batida animada. Mesmo caso de Cidade Nova, que lembra mais o grupo carioca na época de Ventura (2003), e a rápida Muitos Chocolates, com um tom de música de baile em seus breves dois minutos.

Composições mais simples, inclusive há cifras no encarte do álbum, e um clima mais leve.  

"Invariavelmente, um disco sobre um encontro, ele é um disco mais leve, mais fácil. Passa mais como se dão os encontros. Um disco individual é mais denso, de uma viagem mais profunda, mais interiorizada. Existe uma dicotomia que é de método que tem a ver com a presença do interlocutor. A figura para quem você está apontando ali", afirmou Camelo, que, além de ter a namorada na banda, define Fred como família. "Conheço o Fred há mais de dez anos. Temos uma relação de amizade que ultrapassa a própria amizade".

Foto: Divulgação

Para ele, a natureza da própria banda determina que a configuração seja mais humana do que uma "vertiginosa e introspectiva viagem" que é um trabalho solo. "Mesmo que as músicas sejam de autoria individual, ela é embebida na presença do outro. Cúmplices nas escolhas. Você está fazendo por causa deles, por eles. Você quer eles ali naquela música", definiu. 

"Vamos mudar de assunto"

Neste caso, a mistura entre vida pessoal e trabalho é inevitável. O músico contou que ele e Mallu tentam "se resguardar" em alguns momentos do dia. "É como qualquer casal. Tem uma hora que a gente fala 'vamos mudar de assunto, estamos muito monotemáticos'".

"Estamos sempre fazendo alguma coisa direta ou indiramente relacionada ao trabalho. E tentamos, com a dificuldade de qualquer ser humano moderno, interromper isso de quando em quando. Não ver email, ir no cinema. Interromper o processo de trabalho. A gente tenta ter nossas vidas de convívio que não envolvam trabalho. Na verdade a gente passa a maior parte do tempo trabalhando", explicou.

Embora exista um oceano separando a morada da Banda do Mar e o Brasil, as redes sociais estão disponíveis para diminuir essa distância. No entanto, Camelo responde aos risos que "ficou para trás" no segmento tecnológico. "Meu pai é engenheiro informático. Tenho uma relação próxima com computador. Ele foi da primeira turma de Engenharia da Computação da PUC-RJ. Um cara que estava com o pioneiros da computação. Desde criancinha eu lido com computador, mas na curva da rede social eu fiquei pra trás. Foi o primeiro momento que me senti meio datado, meio idoso", explicou.

"Alguns me irritam"

Quem não lê comentários na internet? Marcelo Camelo lê. "Alguns me irritam. Sou um cara emotivo e compassivo. Se alguém falar eu escuto. Basta alguém falar pra eu ouvir", disse.

Mesmo que não seja muito próximo da ferramenta, o músico explicou que vê as páginas das bandas como um "lugar acolhedor", principalmente para projetos embrionários. "Minha impressão pessoal é de que ajuda aquilo no momento do nascimento, que tem certa fragilidade. É bacana que esse momento se dê num momento favorável com pessoas torcendo a favor".

Foto: Divulgação

"Turnê alucinante"

Já há alguns shows marcados no Brasil, incluindo uma apresentação em São Paulo no dia 31 de outubro, mas Marcelo Camelo lembra que o fato de morarem na Europa exigirá um planejamento maior das turnês aqui. "Eu queria que fosse de ritmo alucinante. Agora a gente tem essa questão de morar em outro continente. Uma vinda ao Brasil apresenta desafios para gente. Não temos uma casa aqui", contou.

"A gente não pode fazer como fazia antes que era diluir uma turnê ao longo de um ou dois anos. A gente precisa fazer isso em movimentos coesos e curtos. A primeira vinda será de dois meses e meio. Ficaremos entre outubro e dezembro fazendo shows aqui. Depois voltamos para Portugal porque o disco vai ser lançado por lá também. Faremos uma turnê no começo do ano e depois possivelmente voltamos para uma segunda perna dessa turnê", finalizou.

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Fonte: Terra
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