Jack White faz set impecável, mas sem dueto com Plant

Uma das maiores expectativas do primeiro dia de Lollapalooza era o show de Jack White, mas vamos falar a verdade, o que muita gente queria ver mesmo era o dueto do músico com Robert Plant, que aconteceu na edição argentina do festival. Não foi dessa vez. Apesar de ter fechado a noite deste sábado (28) com um set que agradou fãs de todos os projetos de White, a ausência de Plant, que se apresentou no mesmo Palco Skol cerca de duas horas antes, foi sentida.

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Lamentações à parte, é justo dizer que a apresentação de Jack foi uma das melhores que o festival brasileiro já viu, com 1h40 ao todo. A exemplo do que o público já havia constatado em 2013 com o Arcade Fire, a presença de uma big band extremamente competente e um frontman com bagagem mostrou-se novamente infalível. White subiu ao palco principal do Autódromo de Interlagos às 21h15, com Icky Thump, hit do álbum homônimo do White Stripes, duo que formou com a ex-esposa entre 1997 e 2011. 

Sem rodeios, o músico, natural de Detroit, emendou duas das melhores faixas de seu álbum mais recente, Lazaretto (2014): High Ball Stepper e a faixa-título. Com os violinos cuidadosamente inseridos da carismática e afinadíssima Lillie Mae Rische, as duas músicas serviram para despertar os mais cansados. Depois de Hotel Yorba, também do White Stripes, Lillie também acompanhou Jack em Temporary Ground, um folk quase soturno também de Lazaretto .

Entre televisões antigas e instrumentos retrô, seu cenário tradicional de palco, o frotman assumiu o piano e resgatou a grandiosa We Keep Themselves To Sleep , de Blunderbuss , seu primeiro álbum como artista solo. A essa altura, já era possível identificar uma das excentricidades de Jack, que preferiu poucas variações de luzes na performance, variando apenas algumas tonalidades de azul, o tempo todo, sem um canhão que pudesse destacá-lo.

Como de costume no setlist, a sequência foi uma mistura de três faixas do White Stripes: Cannon , Dead Leaves and The Dirty Ground e Screwdriver , seguidas de Just One Drink . O ponto alto, no entanto, foi quando o baixo de Dominic Davis anunciou um dos maiores - e melhores - hits do músico, dessa vez com o The Raconteurs, banda formada com Brendan Benson, Jack Lawrence e Patrick Keeler - em hiato desde 2011. Steady As She Goes foi apresentada com suspense, mas ganhou uma versão mais gritada e os backing vocals de Rische, que voltou a ganhar destaque com Love Interruption, originalmente gravada com a cantora Ruby Amanfu.

Voltando no tempo novamente, We're Going To Be Friends e Fell In Love With A Girl, ambas do álbum White Blood Cells  (2001), surgiram com nova roupagem, em ritmo desacelerado. Em Black Math, do aclamado Elephant (2003), enquanto grande parte do público já se preparava para deixar o Autódromo, os mais "resistentes" mostraram ânimo de sobra sob uma garoa fina. Antes do bis, Three Women serviu de combustível, Missing Pieces ganhou uma bela introdução no teremin, e Top Yourself serviu para lembrar do quão incrível seria uma nova turnê do The Raconteurs.

I'm Slowly Turning Into You trouxe White ao palco novamente, seguida de Would You Fight For My Love?, um dos maiores destaques da noite, graças à apoteose do piano e guitarra, além do poder da bateria de Daru Jones. E para encerrar a noite em grande estilo, That Black Bat Licorice  e Ball and Biscuit abriram espaço para Seven Nation Army  o hit absoluto do White Stripes que Jack ensinou até aos mestres The Edge, do U2, e Jimmy Page, do Led Zeppelin, no documentário It Might Get Loud . Pra entrar na história do Lollapalooza, no mínimo.

Lollapalooza 2015 

O festival que acontece nos dias 28 e 29 de março no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, tem mais de 40 atrações distribuídas entre o meio-dia e 23h, somando 55 horas de música e outras atividades ininterruptas. Entre as maiores atrações de sábado estão os shows de Robert Plant, Jack White e Major Lazer. Já no domingo, quem deve reunir grande parte do público são Foster The People, Pharrell Williams e The Smashing Pumpkins.