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Filhos de Netinho de Paula lançam CD e comentam polêmicas do pai: "ele pagou"

13 jul 2013 - 10h13
(atualizado às 10h45)
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<p>Dudu e Levi conversaram com o <strong>Terra </strong>em um bar de Pinheiros, em São Paulo</p>
Dudu e Levi conversaram com o Terra em um bar de Pinheiros, em São Paulo
Foto: Fernando Borges / Terra

Pode até ser um estereótipo criado, mas quando se fala em pagode e roda se samba, quem é que não se imagina em um bar ou evento em casa, rodeado de amigos, com churrasco ou feijoada e uma cerveja gelada à mesa? E foi exatamente assim que, na última quarta-feira (10), conheci Dudu e Levi, dois dos integrantes do grupo Os de Paula, que lança o CD com o mesmo nome da banda no próximo dia 20. O terceiro membro, Dika, não conseguiu comparecer porque estava com uma infecção alimentar. Apesar de afirmarem que não tocam só pagode, os filhos do cantor e político Netinho de Paula, na faixa dos 20 anos, não escondem a familiaridade com o ritmo. Cresceram em meio ao Negritude Jr. e com músicas como Cohab City servindo de trilha sonora para festas em casa. 

Despontando no meio musical, eles não se importam em responder a perguntas sobre o pai. Mais do que isso, parecem saber que o caminho mais fácil é falar sim, abertamente. Talvez os melindres não gerassem, principalmente neste início, interesse. Por vezes a tensão é aparente, mas comentam até mesmo sobre as polêmicas de Netinho, por exemplo, quando agrediu uma ex-mulher já durante o processo de separação. "Todo mundo viu durante muitos anos o que meu pai fez na TV, que era o quadro da princesa em que ele ajudava muitas mulheres e por causa de um motivinho ele virou um agressor", disse Dudu, antes de ser interrompido. "Não, mas não é um motivinho. Não pode também diminuir, ridicularizar a situação. É uma coisa muito séria, que ele assumiu e disse que realmente tinha errado. E ele pagou pelo erro. Nós da família conversamos muito sobre isso e ele fala para a gente que nunca se pode agredir uma mulher. Meu pai se sentiu envergonhado por tudo o que aconteceu", corrigiu Levi, com as manhas e a sabedoria de um irmão cinco anos mais velho.

Jovens, universitários e filhos de um famoso. Se a atual situação é bastante favorável, eles garantem que não é no campo profissional, mas sim no pessoal. Com as garotas. Desde já o assédio é grande, tanto que escorregam na pergunta sobre seus status. "Namorar só às vezes. Depende do momento". 

Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Foto: Fernando Borges / Terra

E são experiências nessa área que Os de Paula cantam em suas músicas. Não Tem Ideia, que já passa de 1 milhão de acessos no YouTube, conta a história de um casal que sofre com intriga criada por uma amiga da namorada. "É, isso já aconteceu com nós três. Conversando a gente sempre fala um pro outro dos relacionamentos que já tivemos ou que ainda temos e das maldades das pessoas. E daí as partes mais semelhantes a gente tenta transformar em música", explica Levi. Mas desta vez é Dudu quem corrige, em tom de brincadeira: "essa música é a história do Levi. A maioria das músicas é a história do Levi, porque o Levi é o que mais sofre".

Confira a entrevista na íntegra:

Terra - Por que escolheram o pagode como ritmo? Foi algo mais natural por já terem contato com este estilo de música dentro de casa?

Levi - Não é que escolhemos o pagode, o nosso intuito sempre foi misturar diversos ritmos. O pagode e o samba já são a nossa essência, já estão na nossa raiz, mas o nosso intuito sempre foi misturar. Trazer o que a gente curte do R&B, black music, funk dos anos 80 norte-americano com o samba, que é a nossa raiz. E também rock, e vários outros ritmos também que conhecemos aqui no Brasil, até por influência dos nossos amigos. Muita gente fala que é pagode, que é samba, pelo meio que a gente frequenta, pela nossa raiz ser o samba e nossa música tocar nas principais rádios de samba, a gente fazer show nas casas de samba também.

Terra - Como é a convivência com o Netinho? Vocês se inspiraram no trabalho dele de alguma forma?

Levi - Muito.

Dudu - Além de pai, nós somos fãs.

Levi - Vimos o sucesso dele, a maneira como ele trabalhava, como ele fazia música, a proporção que ele atingiu desde a época do Negritude Jr. até como cantor solo e apresentador, tudo nos motivou. E a relação é maravilhosa, ele ajuda muito, apóia e opina bastante. Mas também deixa a gente muito livre para poder criar e fazer as coisas do nosso jeito.

Terra - De onde tiram inspiração para as letras das canções? Não Tem Ideia, por exemplo, conta a história de um casal que sofre com intriga criada por uma amiga da namorada...

Levi - É, isso já aconteceu com nós três. Conversando a gente sempre fala um pro outro dos relacionamentos que já tivemos ou que ainda temos e das maldades, das coisas que acontecem às vezes com amigos. E daí as partes mais semelhantes a gente tenta transformar em música.

Dudu - Inclusive essa música é a história do Levi. A maioria das músicas é a história do Levi, porque o Levi é o que mais sofre.

Terra - Vocês acham que o meio do pagode está muito saturado? Pergunto isso porque vemos que o Exaltasamba acabou, por exemplo...

Levi - Não é que está saturado. Acho que é o momento. O samba depois que atingiu também uma outra classe com a vinda do Jeito Moleque e do Inimigos do HP, entrou em uma classe média alta, surgiram mais grupos ainda, mais gente aprendendo a tocar. Com a facilidade da internet, das pessoas estarem mais próximas dos instrumentos, aprendendo a tocar, das pessoas assistindo aos ídolos, surgiram muitos grupos. E é uma coisa que a gente tenta fazer, trazer o diferente. Misturando as músicas e os ritmos que a gente gosta, a gente acredita que nosso som está sendo diferente. A nossa ideia é tentar criar algo novo, mas eu acho que não está e nem vai saturar não.

Terra - Como se deu o crescimento e a convivência entre vocês?

Dudu - Aos finais de semana a gente sempre se reunia em casa. Viajávamos juntos em férias. O Levi e o Dika são da mesma mãe, mas comigo o que tínhamos em comum eram as viagens, as rodas de música, as composições. Às vezes de fim de semana nos reuníamos na casa do meu pai e tinha roda de samba.

Terra - Já sofreram assédio do público feminino?

Dudu - O que mais sofre é o Dika.

Levi - O Dika é muito lindo.

Dudu - O Dika é o mais bonito do grupo então as meninas têm mania de agarrar ele e entrar no camarim. Ele tem várias histórias, até uma em que a menina roubou a calça dele no camarim de um show em Sorocaba e tiveram que buscar outra peça para ele no hotel.

Terra - Vocês namoram? São casados? Têm filhos?

Levi - Ninguém tem filhos. Namorar às vezes... É assim, namora, termina... Depende do momento.

Dudu - Eu namoro sério já há três anos.

Levi - O Dika que não sabe se vai ou não vai. Se namora ou não.

Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Foto: Fernando Borges / Terra

Dudu - O Dika é de momento.

Levi - Como ele é muito lindo, tem muita mulher em cima dele.

Terra - O fato de serem irmãos mais ajuda ou atrapalha no trabalho?

Dudu - Ajuda e às vezes atrapalha.

Levi - É uma empresa, né. 

Dudu - Eu acho que ajuda mais do que atrapalha.

Levi - Mas a gente tem várias leis que determinam as coisas. Uma das leis é a hierarquia, a idade. Respeitar o mais velho. Então tem a votação, rola a democracia e se não tiver um acordo, vale o que o mais velho falou.

Terra - Já se interessaram pela mesma mulher?

Dudu - Acho que não.

Levi - Não. Rola um respeito. Tem uma regra da Cohab.

Terra - Algum de vocês pensa em um dia seguir carreira solo?

Dudu - Por enquanto não.

Terra - O que acharam quando o Netinho resolveu abandonar a carreira de cantor para se dedicar à política?

Levi - Não tinha jeito, né. Meu pai mesmo na música já atuava no campo político, com a parte mais social. Tanto é que ele fundou um instituto, que antes era Projeto Família Negritude Jr. E meu pai sempre apoiava muitas comunidades, a Cohab mesmo, aquela coisa de cantar a Cohab, naquela época, daquela maneira. Acho que era inevitável ele partir para o campo político. A gente apóia e acredita muito nas ideias dele. Nós também passamos para ele várias ideias, mas é ele trabalhando no campo dele e apoiando a gente na música e a gente apoiando ele na política.

Dudu - Ele sempre esteve muito ligado às questões sociais.

Terra - Seguiriam a carreira política?

Levi - Eu não posso dizer nunca, mas é que o meu foco é meu grupo e a música.

Terra - Como é o Netinho como pai?

Levi - Maravilhoso. Pai espetacular.

Dudu - Ele é amigo, é companheiro, e na hora que tem que ser pai, ele é pai. Ele dá bronca normal, principalmente com escola, que é uma coisa que ele pega muito no pé. Nós três fazemos faculdade. Eu faço cinema.

Levi - Eu e do Dika fazemos administração. Ele fala pra gente da questão da música, que é algo que a gente ama, ele diz que tudo bem, que vai ajudar no que for preciso, mas que a prioridade mesmo é o estudo. Você ser artista pode ser passageiro, mas a cultura e a educação são coisas de cada um, que ninguém pode tirar. Ele exige muito isso da gente.

Terra - O Netinho teve algumas polêmicas na vida dele. Como se relacionaram e conviveram com isso? Teve a agressão à ex-mulher dele e também a agressão ao repórter Vesgo, do Pânico...

Levi - Isso mexeu muito com a gente, porque muita gente, por exemplo na polêmica da ex-mulher dele, a Sandra, começou a tratar de um modo como se meu pai fosse um agressor de mulheres. Para nós, que somos filhos, é muito ruim, porque você vê as pessoas falando dessa maneira pesada e sabe que não é bem por aí.

Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Os de Paula é um grupo formado por três filhos de Netinho de Paula, que fez sua carreira de cantor e hoje se dedica à política. Dika, o terceiro integrante não compareceu à entrevista, mas Levi e Dudu falaram sobre os planos da carreira, suas inspirações, e da relação com o pai
Foto: Fernando Borges / Terra

Dudu - Quem conviveu sabe. Tem aquela pessoa que não gosta dele e tem também os que gostam. Todo mundo viu durante muitos anos o que meu pai fez na TV, que era o quadro da princesa em que ele ajudava muitas mulheres e por causa de um motivinho ele virou um agressor.

Levi - Não, mas não é um motivinho. Não pode também diminuir, ridicularizar a situação. É uma coisa muito séria, que ele assumiu e disse que realmente tinha errado. E ele pagou pelo erro. Nós da família conversamos muito sobre isso e ele fala para a gente que nunca se pode agredir uma mulher. Então, ele se sentiu envergonhado perante a nossa família até por tudo o que aconteceu. Mas os motivos ficaram no ar então as pessoas começam a tirar as conclusões que querem, porque só quem é mais próximo e da família sabe o que foi. Mas nada justifica. Como nada justifica, machucou muito a nossa família e ele. Mas é o que a gente costuma dizer, nada nunca vai ser fácil para a gente. Ele atingiu muito sucesso, foi apresentador de TV e hoje é um político com milhões de votos, o que incomoda muita gente. Quando se incomoda muita gente, procuram algo de ruim para enfatizar e para tentar denegrir a imagem. Mas, graças a Deus, sempre teve muita gente que entendeu a nossa situação e apoiou a nossa família.

Terra - Qual o momento da carreira do Netinho que mais gostam?

Levi - Tiveram alguns momentos especiais. Foi a conquista do Negritude Jr., quando começaram a fazer sucesso. Eu era bem pequenininho e ia junto com meu pai tocar. E depois meu pai como apresentador na Record também foi um momento muito bom. Como político também, o número de votos que ele teve para o Senado, 18 milhões de votos. Tudo isso a gente respeita muito e vê a força que ele tem junto ao povo.

Terra - Qual é o maior ídolo de vocês?

Levi - Um é complicado. Minha lista é grande, vamos lá: Michael Jackson, Stevie Wonder, Jorge Ben Jor, Jorge Vercillo. Tem muito artista, sem esquecer do nosso pai, que é o cara em quem a gente mais se espelha.

Dudu - Emílio Santiago, Djavan, Arlindo Cruz, Thiaguinho.

Terra - Já trabalharam em alguma outra área?

Levi - Eu já. Sempre fui músico, mas daí em uma época que eu estava fazendo faculdade, comecei a trabalhar em uma empresa de venda de linhas telefônicas. Mas não deu certo. Eu fiquei seis meses e fui demitido porque nunca tinha atingido a meta, que era de 30 mil e meu máximo tinha sido 12. O Dika já trabalhou para caramba, já trabalhou como vendedor, como auxiliar de administração, em uma rede de calçados, na TV também...

Terra - Vocês foram a algum jogo da Copa das Confederações?

Levi - Não, meus amigos foram na final entre Brasil e Espanha, no Rio, mas eu não consegui ir. No mesmo dia a gente tinha gravação aqui em São Paulo.

Dudu - Não, mas gostaria de ter ido.

Terra - O que acham do Brasil sediar a Copa do Mundo?

Dudu - Eu acho que o Brasil está vivendo um momento de ascensão e tem que crescer. O povo está pedindo para o Brasil crescer. As manifestações são boas para abrir os olhos do nosso governo. Vai ser bom, vai trazer mais emprego e muitas outras coisas boas para o Brasil.

Levi - Eu acredito que também vai ser muito bom para o nosso País e para a visão que o mundo tem do Brasil. O mundo vai estar voltado ao Brasil e vai ver que também é um local que precisa de melhorias, vai entender melhor a situação toda. É bom que o mundo olhe para cá e veja que o Brasil precisa ter mais empregos, melhorar a saúde, a educação...

Terra - Para qual time torcem?

Levi - Eu sou São Paulo.

Dudu - Eu sou Corinthians e o Dika é Santos.

Terra - Onde moram?

Dudu - Moramos todos em Alphaville.

Fonte: Terra
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