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Fatboy Slim: "às vezes sinto falta de dividir o palco com amigos"

27 dez 2012 - 16h28
(atualizado às 17h02)
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Muito antes de se tornar mundialmente conhecido como Fatboy Slim, Norman Cook foi baixista e vocalista de uma conhecida banda britânica de rock/pop chamada The Housemartins, com a qual gravou dois discos de estúdio entre 1986 e 1987. Os anos se passaram, o músico se tornou um dos mais respeitados DJs do planeta, mas o fato de ter tido experiência de palco tanto com um grupo de instrumentistas quanto sozinho, comandando pick-ups, torna seu caso raro no meio da música eletrônica. "Às vezes sinto falta da fraternidade de estar no palco com meus amigos musicais", disse Cook, 49 anos, em entrevista exclusiva ao Terra. "No entanto, não sinto a menor saudade dos intermináveis ensaios e das passagens de som. Além disso, também acho que descobri algo 15 anos atrás: sou muito melhor como DJ do que como baixista."

DJ britânico durante performance na festa de abertura da última Olimpíada, em Londres, realizada em agosto
DJ britânico durante performance na festa de abertura da última Olimpíada, em Londres, realizada em agosto
Foto: AFP

A popularidade na Europa e América do Norte não tardou a se refletir no Brasil. Em pouco mais de 15 anos de carreira, Fatboy Slim esteve no País por uma dezena de vezes, número que será aumentado nos próximos dias, quando ele fará sua 11ª turnê nacional, com apresentações no Recife (28), João Pessoa (29), Maceió (31), Arraial D´Ajuda (31), Balneário Camboriú (3), Guaratuba (4) e Goiânia (5). "Antes de fazermos o show na praia no Rio de Janeiro, em 2004, eu não tinha a menor ideia que os brasileiros me aceitariam em seus corações de tal forma. E fico muito feliz que isso aconteceu, pois vocês são pessoas muito amigáveis e lindas, além de serem melhores dançarinas do que os fãs da maioria dos outros lugares."

 
O destaque para a atual passagem é a apresentação no litoral catarinense, no dia 3 de janeiro, no The Big Boutique, evento criado pelo DJ em 2001 em Brighton, sua cidade natal, na Inglaterra, promovido exclusivamente em praias. A segunda edição do festival atraiu 250 mil pessoas e, dois anos depois, levou 360 mil ao Flamengo, na capital fluminense. "A ideia de um DJ tocando música eletrônica dançante sob o pôr do sol em uma maravilhosa praia pareceu atingir em cheio as pessoas que anteriormente só dançavam em casas noturnas ou em festivais. É o lugar perfeito", exalta, detalhando um pouco sobre o show único da grife que será realizado no País. "Sempre nos dedicamos a fazer o maior e mais eficiente show que podemos bancar para onde quer que vamos. Então, sim, traremos, construíremos e explodiremos tudo o que tivermos por aí!"
 
Confira a entrevista na íntegra a seguir.
 
Terra - A Inglaterra não é exatamente muito conhecida por suas praias. Por que criar no país um festival exclusivamente voltado para elas, o The Big Beach Boutique?

Fatboy Slim - Minha cidade natal, Brighton, tem uma praia muito famosa e, quando tivemos a oportunidade de fazer uma grande festa por ali, me joguei de cabeça nela. Isso é algo que nunca havia sido feito antes na Inglaterra, mas deu totalmente certo e acabou se tornando um triunfo para mim organizar o evento para os fãs de onde nasci. A ideia de um DJ tocando música eletrônica dançante sob o pôr do sol em uma maravilhosa praia pareceu atingir em cheio as pessoas que anteriormente só dançavam em casas noturnas ou em festivais. É o lugar perfeito.

Terra - O Big Beach Boutique começou na Inglaterra e logo partiu para o Japão, que já recebeu cinco edições do festival, e ao Brasil. Por que escolhas de locais tão distintos para realizá-lo?

Fatboy - Simples. O segundo evento que fizemos em Brighton foi filmado, lançado em DVD e acabou se tornando muito popular no Brasil. Então fui atrás de fazer uma edição na praia do Flamengo, no Rio, em 2004, que ganhou ainda mais adesão dos fãs - 360 mil pessoas compareceram! Isso acabou gerando uma reação em cadeia ao redor do mundo. Posteriormente o levamos à Austrália, Japão, Argentina, etc. Qualquer lugar que tenha uma praia bacana e uma multidão com vontade de festa é ideal para este festival.

Terra - Essa segunda edição do festival que você citou recebeu um público quase cinco vezes superior ao esperado, de 250 mil pessoas. Infelizmente, o gigantismo da edição acabou ofuscado pela morte de uma enfermeira. Quais medidas foram tomadas para garantir que tragédias do tipo não voltassem a acontecer?
Fatboy - Nós tivemos muita sorte que todos se comportaram, porque era gente demais para realmente garantirmos a a segurança de todos. Nós sempre trabalhamos muito próximos da polícia, porque nos importamos verdadeiramente com saúde e segurança. A pobre menina que morreu, no entanto, não morreu no show, mas algumas horas depois. Desde então, passamos a sempre controlar o número de presentes por meio do controle de ingressos.
 
Terra - O DVD do The Big Boutique mostra um show com uma produção espetacular, marcada por um palco gigantesco e muita pirotecnia. Todos esses detalhes estarão presentes na edição de Balneário Camboriú (SC), em janeiro? 
Fatboy - Sempre nos dedicamos a fazer o maior e mais eficiente show que podemos bancar para onde quer que vamos. Então, sim, traremos, construíremos e explodiremos tudo o que tivermos por aí!
 
Terra - No Carnaval de 2006, você se tornou o primeiro DJ da história a se apresentar em um trio elétrico em Salvador (BA). Como foi a experiência de tocar para milhares de pessoas te seguindo pelas ruas da cidade?
Fatboy - Posso dizer com honestidade que minha primeira vez sobre um trio em Salvador foi uma das experiências mais bombásticas da minha vida. Eu nunca havia visto um Carnaval como aquele antes e, estar no coração daquela festa, foi um momento que mudou minha vida.
 
Terra - Como o público brasileiro recebeu sua versão para o hit Put Yout Hands Up for Detroit, de Feddle Le Grand, batizada de Put Your Hands Up for Brazil (I Love this Country)?
Fatboy - Quando me apresentei naquele imenso show na praia no Rio de Janeiro, toquei algumas faixas especiais, mencionando a cidade e o Brasil em geral, e elas foram muito bem recebidas pelo público. Então continuei fazendo pequenas edições especiais em outras faixas devido à resposta positiva que obtive. É especial ver brasileiros tão orgulhosos de seu país - e eles têm um bom motivo para isso. Não há muito países tão orgulhosos de suas próprias bandeiras quanto o Brasil.
 
Terra - A cena eletrônica é conhecida por ser muito liberal, especialmente com temas como sexualidade e drogas. A popularização do gênero ajudou a derrubar preconceitos?
Fatboy - Não acho que nossa música dançante seja feita para quebrar barreiras, mas o estilo hedonístico de nossas festas - e o uso do álcool - realmente faz as pessoas se sentirem, de certa forma, liberadas. Não estamos mudando o mundo, estamos calmamente subvertendo-o.
 
Terra - Em uma entrevista publicada anos atrás, em 2004, você fez uma brincadeira afirmando que estava convencido que seu filho, mesmo recém-nascido, era gay. Essa postura tinha o objetivo de demonstrar que você e sua mulher não tinham preconceitos?
Fatboy - (risos) Na verdade, não houve um motivo real para eu dizer disso. Foi apenas uma piada jogada! Mas quis realmente dizer que não vejo motivo para estigmas por alguém ser gay - muitos dos meus amigos são - e que não ficaria de forma alguma triste se meu filho crescesse dessa forma.
 
Terra - Você já veio ao Brasil diversas vezes - de fato, é um dos artistas com maior número de visitas ao País na última década. Quando veio pela primeira vez imaginava ter um público tão grande por aqui?
Fatboy - Esta será minha 11ª visita ao Brasil. E, realmente, antes de fazermos o show na praia do Rio de Janeiro, eu não tinha a menor ideia que os brasileiros me aceitariam em seus corações de tal forma. E fico muito feliz que isso aconteceu, pois os brasileiros são pessoas muito amigáveis e lindas - além de melhores dançarinas (do que os fãs da maioria dos outros lugares).
 
Terra -Você é muito elogioso ao Brasil e imagino que isso seja realmente sincero, já que veio ao País tantas vezes. Qual foi o momento mais marcante que você teve no País?
Fatboy - Não foi apenas um. Os momentos mais marcantes foram fazer um set de DJ na casa do Big Brother, nadar no rio Amazonas e dançar com Caetano Veloso em Salvador. O que mais gosto no Brasil são as pessoas e o amor delas pela música, pela dança e por risadas. A comida, as praias, o futebol, o clima, a arquitetura e etc. são apenas bônus.
 
Terra - Existem alguns DJs brasileiros muito populares na Europa e nos EUA, como Marky e Marlboro. Você conhece eles ou outros profissionais da música eletrônica naturais do País?
Fatboy - Sim. Tenho muita história com Marky, ele é um dos melhores do mundo! Quanto aos outros, neste momento estou conferindo as novidades das (duplas) Database e Felguk e do DJ Leo Janeiro.
 
Terra - Você iniciou sua carreira na música nos anos 1980, ainda atendendo pelo nome Norman Cook, como baixista da banda The Housemartins. Você sente saudade desse período em que dividia o palco com os outros músicos?
Fatboy Slim - Às vezes sinto falta da fraternidade de estar no palco com meus amigos musicais. No entanto, não sinto a menor saudade dos intermináveis ensaios e das passagens de som. Além disso, também acho que descobri algo 15 anos atrás: sou muito melhor como DJ do que como baixista.
 
Terra - Apesar disso, você de vez em quando se sente solitário estando sozinho no palco ao longo de várias horas?
Fatboy - Eu tenho uma equipe muito próxima a mim durante as turnês, com quem como, durmo, trabalho, rio e choro. Claro que todos nós sentimos falta de nossas famílias de vez em quando, mas cuidamos uns dos outros. Quando estou no palco, nunca me sinto sozinho, porque sempre parece haver centenas de meus melhores amigos na minha frente. 
Fonte: Terra
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