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"Estaríamos perdidos sem equipe local", diz produtor da turnê 'MDNA'

4 dez 2012 - 08h06
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David Shalom
Direto de São Paulo

Desde às 6h da manhã de segunda-feira (3), uma equipe formada por dezenas de profissionais trabalha ininterruptamente na montagem do palco dos shows de Madonna em São Paulo, no estádio do Morumbi. Formada por um misto de trabalhadores do Brasil e dos EUA, o time que tornará possível as apresentações da cantora na capital paulista deve terminar a estrutura até as 10h desta terça (4), quando os backlines - equipamentos da banda - serão colocados no espaço para a passagem de som, que deve ocorrer até às 14h, poucas horas antes do espetáculo. O Terra visitou o estádio e conversou com os dois principais nomes responsáveis pela MDNA World Tour, cuja agenda completará 83 shows ao seu término, no dia 22 de dezembro, na Argentina.

Notório produtor de turnês, o norte-americano Jake Berry exaltou a importância de funcionários brasileiros envolvidos no giro, já que, por questões logística, seria impossível realizá-lo no País sem eles. São 100 técnicos das mais diversas áreas - entre especialistas em som, luz, maquiagem, figurino, entre outros - viajando pelo mundo com a rainha do pop, além de uma outra centena de trabalhadores locais, contratados especificamente para cada show, como caminhoneiros, carregadores, além daqueles responsáveis por ajudar a erguer os palcos, todos supervisionados pela equipe oficial da turnê.

"Para fazer um giro da magnitude deste atual, são necessárias, em média, 200 pessoas. Ou seja, não fosse pela equipe local, estaríamos perdidos. É um trabalho inteiramente feito por um time unido e, sem isso, os shows simplesmente não acontecem", explicou, exaltando a nítida evolução profissional dos brasileiros envolvidos com serviços em grandes eventos. "Em lugares como o Brasil, que tem recebido um número a cada ano maior de shows de grande estrutura, esses caras têm melhorado mais e mais. E, quanto maior a experiência que adquirem em diferentes turnês, mais qualificado, eficiente, rápido e fácel se torna seu trabalho."

A logística para a turnê em território nacional não é nada simples. Se em continentes como a Europa, Ásia e EUA é possível fazer transporte de equipamentos por mar ou por terra, na América do Sul, pela questão de tempo e distância entre as cidades, há necessidade de ser feito pelo céu. De acordo com Berry, quatro aviões 747 têm viajado de um lugar para o outro para garantir a chegada das estruturas a tempo. São quatro palcos ao longo do giro, sendo que dois deles estão atualmente no País - um no Rio de Janeiro, que partirá para Porto Alegre, outro em São Paulo, cujo destino posterior é Buenos Aires (os outros dois estão no México e na Colômbia).

De fato, a base do palco na capital paulista é exatamente a mesma da utilizada na apresentação de Lady Gaga na cidade, já que tanto ela quanto Madonna trabalham com a mesma empresa, a maior do mundo no setor, também responsável pela última turnê do U2, 360, no ano passado. "Quando planejamos a vinda para cá, pensamos na forma mais barata de fazer as duas turnês. Então o mantivemos aqui. É um palco neutro", explicou Berry, citando as 374 toneladas de massa da estrutura.

Agenda corrida

O ponto de partida para a MDNA World Tour foi o show realizado em fevereiro, no Super Bowl - final do campeonato de futebol americano nos EUA, cuja audiência, a maior da televisão no país, possui médias de 111 milhões de aparelhos ligados. A partir dali, a equipe teve cerca de quatro meses para encaixar todos os novos elementos do show antes de sua estreia oficial, no dia 31 de maio, em Israel. Sempre sob a supervisão de Madonna, essa parte do trabalho foi majoritariamente feita por designers, responsáveis por criar o visual do espaço, aliados a especialistas em computação, que calcularam a possibilidade de concretizar as ideias na vida real.

"É tudo muito sofisticado. São muitas estruturas móveis, 100 equipamentos de suspensão para subir caixas, luzes e todo o resto. Trabalhamos 24 horas por dia para tudo dar certo", exaltou Berry, recordando como uma estrutura como a do estádio do Morumbi facilita toda a equipe no processo. "Quando vim para cá com os Rolling Stones, em 1995, foi em um local velho, cheio de pequenos problemas, o estádio do Pacaembu. E, na época, foi muito complicado. Claro, o mundialmente famoso trânsito da cidade não ajuda, já que o próprio processo de deslocamento dos equipamentos se torna muito lento devido a ele. Mas só de o trabalho ser feito em um lugar moderno como este já é outra história."

Com a conclusão da estrutura, cuja previsão era para as 2h da madrugada de terça, iniciam-se os testes de palco. Segundo Berry, ao longo de 8h a equipe permanece no local para realizar os últimos ajustes e detectar eventuais falhas no espaço.

A própria passagem de som é, em si, envolta em muito trabalho. Já sob a luz do dia, dez canções serão ensaiadas pela cantora, junto com todos os seus músicos e bailarinos. "Isso porque ela é uma perfeccionista", disse a coordenadora da turnê, Alison Larkin. "Então as passagens de som devem ser também milimetricamente calculadas. Elas acabam envolvendo uma produção quase idêntica à do show, pois são realizadas com toda a estrutura de iluminação, efeitos pirotécnicos e som, além da parte física de todos que acompanham a cantora no palco."

Apesar do prazo apertado, o clima era de tranquilidade entre os chefes da equipe da cantora, em seu terceiro giro pelo País, na véspera do primeiro dos dois shows que fará na capital. Talvez pelo fato de que tudo estava ocorrendo dentro do prazo, talvez por haver certo orgulho nutrido por ambos por trabalharem com uma das principais estrelas da história do pop.

"É uma grande experiência tudo isso, afinal ela é uma artista top", elogiou Berry. Larkin, sempre sorridente, foi mais enfática em seus elogios: "este é o show mais incrível do mundo. São tantos os elementos diferentes que temos nele, as diversas 'levitadas' dos bailarinos para o teto do palco, os vídeos de altíssima qualidade, os dançarinos. É, simplesmente, incrível", resumiu.

Resta aos paulistanos confirmar a opinião de algumas horas.

Imagem mostra últimos ajustes do palco onde Madonna se apresentará em SP, na noite de segunda-feira
Imagem mostra últimos ajustes do palco onde Madonna se apresentará em SP, na noite de segunda-feira
Foto: David Shalom / Terra
Fonte: Terra
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