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Encontro do Samba promove reunião entre cariocas e baianos

31 jan 2009 - 12h16
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O último show da penúltima noite do Festival de Verão de Salvador registrou um encontro histórico para o samba brasileiro. Pela primeira vez, ao longo de 11 anos, o público baiano, acostumado com o som de Ivete Sangalo e Banda Eva, teve a oportunidade de assistir a um grande espetáculo comandado pela presença de alguns dos melhores sambistas do País no Parque de Exposição da capital do estado.

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"Adorei. O samba está sendo valorizado como merece. É o tipo de música que mais gosto", comentou a estudante Milena Guimarães. "Amo demais o samba. Faz parte do Brasil. Qualquer um pode dançar. É só mexer o corpo que engana. Ninguém passa vergonha", complementou a também estudante Juliana Moura. "Perfeito, curto muito samba. Tem que ter espaço para tudo", afirmou o educador físico Erico Cavalcante.

A apresentação reuniu as vozes de Arlindo Cruz, Dudu Nobre, Mariene de Castro e Nelson Rufino em uma performance que contou ainda com a participação do Fundo de Quintal e do grupo Revelação. "Isso é maneiro. Logicamente tem um roteiro estipulado. Mas acaba mesmo virando um rock n' roll", afirmou Dudu Nobre, o sambista que aprendeu a ler partituras com apenas aos 6 anos e aos 9 trocou o piano pelo cavaquinho e, não por acaso, ganhou espaço no cenário brasileiro.

"Ele une todas as qualidades de um sambista. Tem letra, ritmo e sabe cativar o público", disse o bancário Marco Aragão. "Show de bola, tudo de bom! Gosto dele pela energia que passa para a gente. Não dá para ficar parado. Quem assiste o show dele está sempre dançando", acrescentou Amarildo Souza.

Às vésperas do carnaval, o show não deixou de ser um convite pra lá de especial para a maior festa popular do Brasil. Uma espécie de química rara para esquentar a folia. "Já é uma coisa tradicional. Sempre nos encontramos em algum canto para fazer um som. Temos uma ligação muito boa e cada um respeita muito o trabalho do outro", acrescentou Dudu, filho de Anita Nobre.

Apesar do encontro ter reunido parte da nata do samba brasileiro, os músicos sentiram a ausência daquele que é considerado o pai da melodia. "Faltou o Martinho da Vila. Uma pena ele não estar aqui porque ele seria o grande maestro desse encontro de compositores novos que fazem bem feito aquilo que criamos no fundo do Quintal na década de 70, comentou o respeitado Nelson Rufino.

A platéia sentiu ainda a falta de um dos personagens mais irreverentes da música brasileira. "Pois é, cadê o Zeca Pagodinho? Um cara debochado que não está nem aí para nada. Ele mistura bem a cachaça e o samba. O Zeca é o cara que tira onda da classe alta e mesmo assim tem o respeito da turma. O povão também gosta dele", comentou o publicitário Bruno Maciel. Mas diante de tantas estrelas, não deu para reclamar. "Zeca é Zeca, mas aqui só tem qualidade", complementou.

Para Nelson Rufino, que nasceu na capital baiana em 12 de setembro de 1942 e acompanhou a evolução do samba, o show, indiscutivelmente, entrou para a história do Festival de Verão de Salvador. "Esse encontro é a consagração dos povos que se respeitam muito nessa raiz que é o samba feito por baianos e cariocas. Uma grande chance de confirmação do respeito que temos um pelo outro".

O compositor, autor de Mentira - um dos grandes sucessos de sua carreira - polemizou, mas não deixou de falar aquela que considera uma das maiores verdades que marcaram o apogeu do samba carioca e o declínio dos conterrâneos baianos. "O Rio de Janeiro aculturou o samba. O Rio colocou no colo e tomou conta. Salvador ficou como uma terra de grandes mestres. Na verdade, o Rio de Janeiro ocupou uma coisa que o baiano não soube preservar, mas a grande raiz baiana é patrimônio da humanidade".

Para os amantes do samba, pouco importa. Depois de um show tão imponente, fica a certeza de quando a música é bem feita não importa da onde ela seja. "Os dois são bons, tanto o carioca quando o baiano. Não existe melhor. O samba é lindo e é uma mistura geral", opinou o advogado Fernando Jorge.

Encontro do Samba reuniu principais nomes do estilo em Salvador
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Foto: Antônio Reis / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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