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Dinho, do Mamonas Assassinas, tinha projeto com Tom Cavalcante

17 jun 2011 - 07h30
(atualizado às 07h36)
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No começo era Utopia. Assim mesmo, com "u" maiúsculo. Esse era o nome da banda de rock com pegada romântica de Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel e Sérgio Reoli. Naquele início dos anos 90, os cinco meninos de Guarulhos nem imaginavam que se tornariam um mito em todo o País. Mas para o sonho virar realidade, eles trocaram o romantismo pelo humor e se transformaram nos Mamonas Assassinas, autores dos sucessos Pelados em Santos, Vira-Vira e Sábado de Sol. A banda, cujos integrantes morreram em um trágico acidente há 15 anos, é relembrada agora no documentário Mamonas Pra Sempre, de Cláudio Kahns, que estreia hoje nos quatro cantos da cidade.

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"Eu não era fã, mas achei que a trajetória deles valia um filme. Fazendo a pesquisa para meu longa de ficção (Mamonas - O Filme, projeto que está engavetado), filmamos as entrevistas e o documentário começou a tomar forma. Fizemos tudo sem patrocínio e esse foi um desafio muito grande", entrega Cláudio.

Um dos momentos mais fortes do longa acontece em uma apresentação na cidade natal dos Mamonas, com um desabafo de Dinho: "As pessoas olhavam pra mim e diziam: 'É impossível você chegar até aqui'. O impossível não existe. Tudo é possível quando vocês querem", disse o vocalista. "O filme é a realização do sonho deles. Cada um entende o documentário de uma maneira, mas essa história de persistir e acreditar no seu sonho é uma linha forte que mostramos", afirma o diretor.

Quinze anos após a morte dos artistas, muito se especula se os Mamonas sobreviveriam a um segundo disco. Em entrevista ao programa Conexão Repórter, do SBT, que foi ao ar na última quarta-feira, Hildebrando Alves, pai de Dinho, afirma que o grupo iria acabar em breve. "Acho que ele estaria fazendo carreira solo. Eu acredito que eles durariam mais uns dois anos, porque o Dinho tinha um projeto com o Tom Cavalcante que não ia envolver o grupo e os caras ficaram com ciúme", revelou a Roberto Cabrini.

Apesar de toda especulação, o que importa é que o espírito despretensioso dos meninos de Guarulhos ainda existe. Seja nos fãs saudosos que cultuam o único disco do grupo, ou em bandas que fazem rock bem humorado, os Mamonas ainda vivem.

Leve e divertido como a banda

Um fenômeno musical, divertido e marcante. Difícil tentar definir os Mamonas Assassinas. Eles transgrediram cantando músicas engraçadinhas e com palavrões, e, mesmo assim, agradaram crianças e adultos. O documentário de Cláudio Kahns tem a mesma leveza que os cinco meninos de Guarulhos traziam no seu jeito de ser. O diretor consegue mostrar quem eram os integrantes do grupo por trás das fantasias. Nas entrevistas com familiares, amigos, o empresário e o produtor musical, o espectador se sente mais próximo dos ídolos e entende o que se passava nos bastidores. O filme deixa um ar saudosista para quem viveu aquela histeria. E quem não viveu tudo aquilo é capaz de compreender a grandeza daquela banda. Seguindo uma ordem cronológica, a morte trágica fica para o final e é tratada rapidamente. Nada mais justo. Afinal, o objetivo é lembrar da alegria e falar do sonho daqueles meninos. Não apenas da maneira triste como tudo acabou.

Espírito da trupe sobrevive

Com o surgimento dos Mamonas Assassinas, muitas bandas apareceram misturando música com humor. Porém, elas continuam batalhando por espaço no mercado fonográfico. Esse é o caso de Os Parabrisas, banda carioca que canta disfarçada de super-herói. "A banda acabou virando a nossa pelada de domingo, porque não dava mais para viver só de música. Mas sempre vai ter espaço para esse tipo de coisa. Quando nos apresentamos, ainda vemos o brilho nos olhos das pessoas. A TV aposta muito no humor, mas na música esse movimento ainda é um pouco tímido", analisa Guilherme Pereira, o Charada e vocalista do grupo. Quanto à comparação óbvia com os Mamonas Assassinas, Guilherme prefere se esquivar: "Não dá para nos comparar com mitos, né?".

Crianças quando os Mamonas Assassinas estouraram, o professor de História Daniel Elian, 22 anos, e o estudante de Direito Henrique Machado, 18, ainda hoje escutam as músicas do grupo e garantem que é difícil achar algo parecido. Daniel, inclusive, tem um disco póstumo com canções inéditas, além do primeiro CD da banda. "Eu chorei muito quando eles morreram. Minha mãe me deu a notícia como se um parente tivesse falecido. Por mais que eles tenham só um CD, foram marcantes. Se o Restart morresse agora, por exemplo, dificilmente fariam um filme sobre a vida deles 10 anos depois", defende Daniel, ansioso para ver o documentário.

'Mamonas Para Sempre' estreia nesta sexta-feira nos cinemas
'Mamonas Para Sempre' estreia nesta sexta-feira nos cinemas
Foto: Divulgação
Fonte: O Dia
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