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China investirá R$ 4,6 bilhões para criar Vale da Música

26 dez 2012 - 14h57
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O rapper taiwanês Mc Hot Dog se apresenta em festival na cidade de Pequim, em 2010
O rapper taiwanês Mc Hot Dog se apresenta em festival na cidade de Pequim, em 2010
Foto: Getty Images
O vilarejo de Pinggy, localizado a uma hora da capital Pequim, vai receber cerca de R$ 4,6 bilhões nos próximos dez anos para se tornar o Vale da Música da China. Segundo informações publicadas pelo jornal britânico The Guardian, a ideia é concentrar na área estúdios de gravação, fábricas de instrumentos musicais, escolas voltadas para o ensino da arte, um hotel cinco estrelas e uma arena em formato de pêssego para a realização de shows. 
 
"A música é um tipo de arte tão intangível. Agora, com este projeto, queremos transformá-la em algo que se possa ver e tocar", explica o oficial do Governo chinês Zhao Wei, 30 anos, responsável por dirigir a iniciativa até o mês passado. O motivo para a realização do ambicioso projeto é que a China passou a ver com preocupação o fato de seu progresso nas artes não ter acompanhado o econômico nos últimos anos. Agora, o setor passa a ser visto com prioridade no país, com promessas de serem injetados bilhões de dólares para subsidiá-lo.
 
Uma frase proferida pelo presidente Hu Jintao em novembro ilustra bem o novo pensamento: "a cultura é o sangue vivo da nação".
 
O anúncio vem acompanhado de lentas, porém concretas, melhoras no setor. Com uma taxa de pirataria que já foi "virtualmente de 100%", de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, e um controle governamental sobre tudo o que é produzido no país, o Governo criou, no ano passado, um comitê para reforçar as leis de propriedade intelectual locais - o que incluiu começar a cobrar por downloads de músicas feitos na China. A mudança gerou, na comparação entre 2010 e 2011, aumento de 23% nas vendas de canções online. Além disso, nos últimos anos houve um boom de festivais de música no país. 
 
No entanto, ainda há muito a ser feito. Por exemplo, há anos gravadoras major do mercado têm se mostrado desesperadas para adentrar o território chinês - Warner, Sony e Universal já possuem escritórios no país. No entanto, barreiras impostas pelo Governo tornam difícil a entrada de investidores internacionais no gigante vermelho.
 
Além disso, em vez de investirem em novos talentos, Governos usam verbas de incentivo à cultura para construir teatros e arenas. "Nenhum dinheiro vai para os artistas e, sim, para os intermediários", lamenta Scarlett Li, fundador de um festival organizado na China, para quem falta no país desde compositores até músicos e bandas para manter o mercado aquecido. "Mas esses intermediários não estão no centro da criação de conteúdo. Nada disso faz sentido para mim." 
 
E os artistas sentem diretamente na pele tais problemas. Vocalista da banda pequinesa P.K. 14, Yan Haisong disse desconhecer alguém de seu círculo profissional que tenha se empolgado com a ideia de se criar o Vale da Música. "Combinar música com política é muito estranho. Se eles querem melhorar a cultura, precisarão, na verdade, se abrir um pouco mais", opinou.
Fonte: Terra
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