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Azulão, franzino, põe multidão enorme para dançar no Recife

24 jun 2013 - 11h50
(atualizado às 13h00)
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A principal atração do Recife na véspera de São João, no domingo à noite, foi uma lenda viva da música nordestina, o cantor e compositor Azulão, na ativa desde a primeira metade dos anos 60. Ele encerrou a programação do Sítio Trindade, o tradicional quartel-general das festas juninas da capital pernambucana, numa noite que contou, ainda, com concurso de quadrilhas e shows de artistas locais.

Véspera de São João é o dia em que o Recife ganha um ar de Londres do século 19, graças à fumaça gerada por milhares de fogueiras. A neblina, no entanto, não impede que uma multidão se dirija todo ano ao Sitio Trindade, transformado para a ocasião numa réplica de vila do interior. As barracas espalhadas por suas alamedas vendem de folhetos de cordel a “maçã do amor”, e uma cidade cenográfica ajuda a reforçar o efeito “de volta ao passado”.

É uma festa para toda a família – mas os jovens, inegavelmente, estão em grande maioria. Neste ano, eles mais uma vez lotaram o pavilhão que hospeda o concurso de quadrilhas adultas, reunindo representantes da capital e da região metropolitana. Foram eles, também, que se espremeram em frente ao palco principal para dançar ao som dos artistas tradicionais e daqueles ligados à cena local formada depois do movimento Mangue Beat.

Maestro Forró, codinome artístico do pernambucano Francisco Amâncio da Silva, abriu a noite de shows em grande estilo. Acompanhado pela Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, mostrou porque ganhou, este ano, o Prêmio da Música Brasileira na categoria “melhor grupo regional”. Preparou um repertório especial para a ocasião, amarrando a batida dos clássicos do coco e do forró aos metais cheios de balanço de sua orquestra. A performance “exagerada” e um visual que misturava bermuda e óculos escuros quebraram qualquer ideia convencional de como um regente deve se portar.

Outro destaque da véspera de São João do Sítio Trindade foi a apresentação do rabequeiro Maciel Salu. Filho de Mestre Salustiano, um dos nomes mais importantes da cultura popular nordestina, ele misturou tradição e modernidade ao trazer para o forró elementos de maracatu, afrobeat e merengue. A noite, no entanto, pertenceu mesmo a Azulão, ainda em forma mesmo depois de uma vida com altos e baixos digna de um velho bluesman.

Dono de um corpo franzino (mede apenas 1,45 m), ele se movimentou pelo palco com a tranquilidade e o carisma de um homem que tem, como reza o clichê, “o forró correndo nas veias”.

É verdade que a voz está quebrada pelos anos na estrada e pelo álcool, mas, ainda assim, dá conta de um repertório burilado na convivência com craques como Luiz Gonzaga e Camarão. Depois de dançar por uma hora sob o comando do “pequeno grande homem”, só restou à multidão mergulhar no “fog” junino do Recife e voltar feliz para casa.

Fonte: PrimaPagina
Fonte: Terra
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